A notícia de que a B3 (B3SA3) terá concorrência a partir de 2025, com a criação de uma nova Bolsa de Valores no Brasil, pelo Mubadala Capital, tomou conta do radar corporativo durante o último dia útil da semana. Em suma, os especialistas contactados pelo BP Money, avaliam que o mercado nacional tem solidez, tamanho e potencial para comportar uma nova instituição de neciações acionárias.
“É um processo que a gente precisa ver como serão superados esses desafios […] O Brasil é um mercado com uma solidez e com um tamanho razoável e há potencial sim de comportar mais uma instituição de bolsa, de negociação” avaliou o CEO da Dootax, Yvon Gaillard.
“Em linhas gerais, eu acredito que é um movimento muito positivo para o Brasil, que tem uma alta probabilidade de sucesso ainda mais de um player global como esse [Mubadala Capita], que tem potencial, histórico e pode desenvolver mercados no Brasil que ainda são poucos explorados pelo mercado de capitais”, completou
De acordo com a análise, os profissionais têm visto com bons olhos a novidade que promete a quebra do monopólio do mercado acionário nacional.
“A concorrência teoricamente levaria a B3 a prestar melhores serviços e praticar melhores preços, além da supracitada oportunidade para starups, que são em sua maioria empresas de tecnologia, poderem listar ações no mercado. A concorrência sempre é boa, pois motiva a incumbente – B3 – a prestar melhores serviços”, afirma Femisapien, economista e sócia da Quantzed.
Nova Bolsa de Valores e seus desafios
No contexto da possível entrada de uma nova bolsa de valores no Brasil, surgem diversos desafios que precisam ser considerados. A priori, Gaillard destaca a questão da liquidez inicial, que demanda um volume de investimento significativo para garantir o funcionamento adequado do mercado.
Embora a Mubadala, com seu grande capital, possa superar esse obstáculo, a regulamentação brasileira pode representar um desafio considerável para a sua operação no país. Este processo, que pode ser demorado e complexo, poderia até desestimular a entrada da empresa no mercado brasileiro.
“Eventualmente ela vai precisar atrair algum grande player para o seu mercado e essas migrações entre bolsas de valores é algo que ainda não é muito claro, principalmente no Brasil, que não tem esse cenário e não deve ter um custo muito fácil. Então vai ser muito difícil algum grande player migrar da B3 para essa nova bolsa”, disse.
Nova Bolsa de Valores pode enfrentar resistência
No entanto, o economista ressaltou que a migração entre Bolsas de Valores ainda é um cenário pouco claro, especialmente no Brasil, onde o processo pode ser complexo e custoso. Nesse sentido, o CEO da Dootax vê que, inicialmente, seja improvável que grandes players, atualmente listados na B3, migrem facilmente para essa nova bolsa.
De acordo com Femisapien a questão central no cenário brasileiro reside na liquidez das ações disponíveis, e o êxito desse empreendimento está intrinsecamente ligado a um aumento significativo da participação do público no mercado de ações.
Ainda segundo o profissioanl, para que a nova Bolsa de Valores alcance êxito, é crucial que novas empresas sejam listadas, especialmente aquelas com perfis distintos das já presentes na B3. Acredito que o foco principal recairia em startups de tecnologia, que trariam uma dinâmica renovada ao mercado.
“O grande problema no Brasil é a liquidez das ações listadas e o sucesso depende de uma maior participação do público no mercado de ações. Para dar certo, a nova bolsa precisa de novas empresas serem listadas para operar, de preferência empresas de perfil diferente das da B3, que seriam majoritariamente, acredito eu, startups de tecnologia.”