O resultado do índice de preços ao consumidor (CPI) nos EUA, divulgado nesta terça-feira (12), movimenta a opinião de especialistas brasileiros em relação à meta da inflação e corte de juros.
Em fevereiro, o CPI subiu 0,4% ante janeiro. O resultado foi acima do registrado no mês anterior, 0,3%, e alinhado à expectativa de alta de 0,4% do consenso.
Em comparação a fevereiro de 2023, o índice subiu 3,2%, valor acima do que foi registrado em janeiro, 3,1%, e da expectativa do consenso. Já a taxa anual do núcleo ficou em 3,8% em fevereiro, acima do consenso de 3,7% mas abaixo dos 3,9% de janeiro.
Resultados da CPI dificultam meta da inflação
Ao BP Money, Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, diz que, apesar dos dados ligeiramente acima do esperado, o aumento do índice nos últimos 12 meses e a estabilidade do núcleo indicam um cenário inflacionário com maiores dificuldades em convergir para a meta de longo prazo de 2,0%.
O especialista chama atenção, no entanto, para o Índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal (PCE), que, atualmente, encontra-se em níveis menores – 2,4% o índice cheio e 2,8% o seu núcleo
“Além disso, é importante ressaltar também que a taxa de desemprego aumentou e os salários moderaram na margem”, pontuou, sobre o resultado do payroll.
Danilo Igliori, economista-chefe da fintech brasileira de conta global Nomad, opina que a estabilidade evidenciada pelos resultados do CPI norte-americano não ajudarão os membros do FOMC (Comitê Federal de Mercado Aberto) a ganharem a confiança adicional que precisam para iniciar o ciclo de queda na taxa de juros.
“Tampouco altera as expectativas de que os cortes ocorram no meio do ano, em junho ou julho. A maioria dos índices de mercado mantinham movimentos positivos após a divulgação do CPI em um sinal de que, apesar de um pouco mais fortes do que o esperado, a narrativa de que permanecemos em curso na última milha permanece”, completou.
Inflação dos EUA pode impactar taxa Selic
Fabio Murad, sócio da Ipê Investimentos, contou ao BP sobre o impacto que a inflação no país norte-americano exerce na economia global, especialmente devido ao status do dólar como moeda de reserva internacional.
“Aumentos na inflação americana podem desencadear ajustes nas políticas monetárias de outros países e influenciar os preços dos ativos globalmente. Se a inflação nos EUA aumentar, pode haver pressão para elevar as taxas de juros, o que, por sua vez, pode ter um efeito negativo nos preços dos ativos, particularmente nos mercados emergentes”.
No Brasil, as decisões sobre a taxa Selic podem ser alcançadas diante do aumento da inflação norte-americana, explica o especialista.
O Relatório Focus do BC (Banco Central) divulgado nesta terça-feira (12) não fez alterações em relação às projeções para a taxa básica de juros em 2024, que segue estável há 11 semanas, em 9,00%.