A diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Kristalina Georgieva, publicou um artigo no blog da instituição em que declarou que quanto maior a independência dos BCs (Bancos Centrais), melhor o resultado da inflação ao longo do tempo.
A diretora embasou a afirmativa em estudos realizados pelo FMI. O primeiro analisou diversos bancos centrais no período entre 2007 e 2021.
“O estudo mostra que aqueles com ‘scores’ maiores em relação à independência foram mais bem-sucedidos em manter a expectativa de inflação estável, o que ajuda a manter a inflação baixa. Independência [do BC] é crítica e tem se tornado mais predominante em países com qualquer nível de renda”, declarou Georgieva em artigo, de acordo com o “Valor Econômico”.
Outro estudo do órgão analisou, durante 100 anos, dados de 17 bancos centrais da América Latina, observando fatores como clareza nos mandatos, independência nas decisões e se as autoridades podem ser forçadas a emprestar ao governo.
A diretora ressaltou que foi concluído que a maior independência está ligada a resultados muito melhores de inflação.
A dirigente também acrescentou que; “os apelos a cortes nas taxas de juro, mesmo que prematuros, têm crescido e deverão se intensificar, já que metade da população mundial votará este ano”. Contudo, acrescentou que as autoridades monetárias e os governos devem resistir às pressões.
O artigo também relembrou as vitórias dos BCs. “Basta considerar o que os bancos centrais independentes orientaram-se eficazmente durante a pandemia, desencadeando uma flexibilização monetária agressiva que ajudou a evitar um colapso financeiro global e a acelerar a recuperação. À medida que o foco passou a ser a restauração da estabilidade de preços, os BCs apertaram”.
“A sua resposta ajudou a manter as expectativas de inflação ancoradas na maioria dos países, mesmo quando os aumentos de preços atingiram máximos de várias décadas. Os mercados emergentes foram líderes no aperto precoce e vigoroso, aumentando a sua credibilidade”, acrescentou.
FMI: sustentabilidade dividida ajuda a reduzir ‘dominância fiscal’
“A adoção de políticas fiscais prudentes que mantenham a sustentabilidade da dívida ajuda a reduzir o risco de ‘dominância fiscal’”, declarou Georgieva, sobre o trabalho coletivo para a saúde financeira de um país.
“Outros ramos do governo têm responsabilidades claras em ajudar os bancos centrais a alcançar os objetivos e a enfrentar os perigos que se avizinham e isso inclui não apenas leis que proclamam a independência do BC, mas também ter em conta o impacto de outras ações políticas”, pontuou.
A diretora também destacou que a cautela fiscal proporciona mais espaço orçamental para dar suporte à economia quando necessário, reforçando a estabilidade econômica.
“Outra responsabilidade do governo que é frequentemente partilhada com os bancos centrais: manter um sistema financeiro forte e bem regulado. A estabilidade financeira beneficia toda a economia e reduz o risco de o banco central ficar relutante em aumentar as taxas de juro por medo de causar um colapso financeiro”, declarou.