Política fiscal e monetária

Campos Neto: Brasil é um 'caso fiscal'

Campo Neto afirma "que o país teve muitos problemas em cortar gastos de forma estrutural, tivemos algumas tentativas e algumas reformas, mas acho que é o ponto mais importante"

Campos Neto sobre Brasil
Foto: Roberto Campos Neto / Banco Central

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, destacou a importância de alinhar as políticas fiscal e monetária. Ele enfatizou que é crucial para essas políticas trabalharem em conjunto. O programa foi publicado na última quarta-feira (3).

Durante a entrevista conduzida por Alexandre Tombini, ex-presidente do BC e atual representante-chefe do BIS para as Américas, Campos Neto destacou que o Brasil é um “caso fiscal”.

“O Brasil teve muitos problemas em cortar gastos de forma estrutural, tivemos algumas tentativas e algumas reformas, mas acho que é o ponto mais importante”, disse.

Campos Neto sobre Pix

Em relação ao Pix, o presidente do BC mencionou que o sistema está sendo expandido para outros países da América Latina. Ele também expressou o interesse do BC em conectar o Pix a outros sistemas, como o Nexus, um projeto do BIS destinado a facilitar os pagamentos instantâneos transfronteiriços.

Campos Neto destacou a necessidade de uma taxonomia para viabilizar pagamentos transfronteiriços em escala global. Durante um evento na quarta-feira (3), ele mencionou que a taxonomia é um dos projetos que gostaria de ver progredir no âmbito do G20.

“A taxonomia precisa considerar aspectos importantes dos nossos países”, afirmou em entrevista.

Sistema financeiro

Em relação à inovação no sistema financeiro, o presidente do BC afirmou que, com acesso a mais dados sobre os indivíduos, é possível promover avanços na educação financeira e na competitividade do sistema financeiro, oferecendo produtos mais adequados para diferentes segmentos da população.

O presidente do BC exemplificou que, em um cenário ideal com dados abertos e o uso de Large Language Models (LLM), seria possível desenvolver sistemas de Open Finance para identificar se os clientes estão utilizando produtos financeiros que não são adequados para eles ou se estão pagando taxas excessivas em empréstimos.

“Acho que tem um elemento de dados em educação financeira que gera muita inclusão e também coloca competição no sistema financeiro.”

G20

Ao ser questionado sobre o G20, Campos Neto afirmou que não se pode ignorar o fato de que os principais problemas giram em torno da desigualdade, do desenvolvimento sustentável e de questões como fome, pobreza e inclusão social.

No track de finanças, segundo ele, “precisamos adaptar os principais objetivos” citando inclusão financeira e o tema de tornar o sistema financeiro mais sustentável.

“O G20 é um reflexo do que nós precisamos fazer coletivamente e não seremos capazes de chegar a soluções globais se não trabalharmos coletivamente.”

Por fim, Campos Neto ressaltou que as prioridades para o ano de 2024, na agenda de inovação, é consolidar o Open Finance e o Drex, e garantir que “nós avancemos mais nas melhorias institucionais que tivemos no passado, a autonomia do Banco Central e, obviamente, garantir que entreguemos o primeiro mandato, que é a estabilidade de preços”.