Corte de juros

Economistas alertam para risco cambial no Brasil

Caso essa situação se materialize, alertam para uma provável valorização excessiva do dólar

Fed
FED / Foto: Creative Commons

Economistas reconhecidos pelo Banco Central por suas precisas previsões econômicas do ano anterior expressaram, nesta terça-feira (9), preocupações sobre possíveis atrasos do Federal Reserve (Fed), em iniciar cortes nas taxas de juros.

Caso essa situação se materialize, alertam para uma provável valorização excessiva do dólar, o que poderia exercer pressão adicional sobre a inflação no Brasil.

De acordo com Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos e um dos premiados no Top 5 da pesquisa Focus, o principal risco cambial seria um atraso no relaxamento monetário nos EUA até o final do ano.

Se o Fed optar por realizar apenas um ou dois cortes, ou mesmo nenhum, como previsto por alguns, isso poderia resultar em uma valorização adicional do dólar, explica Goldenstein.

Corte lento de juros do Fed

O economista destaca outro risco, subestimado até o momento, que seria a intensificação do conflito no Oriente Médio.

Além disso, Goldenstein considera que a eleição presidencial nos EUA representa um risco menor, já que a possível reeleição do candidato republicano Donald Trump não seria uma surpresa.

Ele observa que Trump não adotou uma postura tão protecionista durante seu primeiro mandato na Casa Branca.

O gerente de núcleo da Previ, Ricardo Bastos, expressou que está operando atualmente com um cenário de “sem pouso suave”, prevendo um crescimento de 2% na economia americana este ano.

Bastos espera que a redução das taxas de juros nos EUA comece em julho, com três cortes até o final do ano. No entanto, Bastos também considera a possibilidade de um cenário alternativo, onde o Fed realizaria apenas dois cortes a partir de setembro.

“Vemos os salários desacelerando, mas continuam em nível consistente”, afirmou.

O economista-chefe da Citrino Gestão de Recursos, Rai Chicoli, por sua vez, observou que o esperado início do ciclo de flexibilização monetária tem sido postergado devido à desinflação mais gradual.

A análise sugere que o Fed ainda aguarda uma desaceleração no mercado de trabalho, que é crucial para a última etapa do processo de convergência da inflação à meta.

Chicoli aponta um risco crescente de reaceleração da inflação nos Estados Unidos, o que poderia levar o Fed a manter as taxas de juros elevadas por mais tempo, ou mesmo considerar um retorno ao aumento das taxas.