Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual (BPAC11) acredita que a alteração na meta de superávit para 2025, pelo governo Lula, imprimiu no mercado a visão de que o governo “jogou a toalha” sobre o ajuste fiscal.
Segundo o executivo do BTG, que já foi, inclusive, secretário do Tesouro (2018 – 2020), em entrevista à Bloomberg News, o governo brasileiro precisa mostrar compromisso com as contas públicas.
Incluindo a contenção de gastos, para se diferenciar de forma positiva dos demais países emergentes e evitar uma piora das expectativas, disse ele. “O humor do mercado está azedando muito rapidamente”, apontou.
O PLDO (Projeto de Lei e Diretrizes Orçamentarias) para 2025 foi apresentando nesta semana, com uma mudança na meta de resultado primário para o período e para os anos seguintes.
Agora, espera-se 0,0% do PIB para 2025, 0,25% do PIB para 2026 e 0,50% apenas em 2027. Combinado às apostas de que os juros devem seguir em alto nível por mais tempo, o receito da piora fiscal fez o dólar disparar acima de R$ 5,20.
Mansueto destacou que a comunicação da mudança foi negativa, pois passou a ideia de que o déficit permanecerá até o final do governo. Amplificando, assim, a reação dos investidores.
“Como o governo não conseguiu aumentar a arrecadação como queria, ele mudou a meta. A comunicação foi ruim”, disse o economista-chefe do BTG Pactual.
Governo precisa dar uma resposta no campo fiscal, diz Mansueto
Para ele, o governo deveria ter mostrado o que poderia fazer sobre as despesas. O Brasil ainda não vive uma crise grave, apesar da situação, por conta da sólida atividade e da balança comercial, de acordo com a Bloomberg Línea.
Todavia, disse Mansueto, é necessário uma resposta [do governo] no campo fiscal para evitar maior deterioração das expectativas.
No momento, segundo ele, o BC (Banco Central) projeta a Selic (taxa básica de juros) em até 9,75% ao ano. Porém, considerando o câmbio na linha dos R$ 5,00, os juros podem ficar mais altos.
Para Mansueto, tanto no Brasil quanto nos EUA, os bancos centrais acertaram mais do que os mercados, na adoção de uma postura mais cautelosa desde o ínicio, ao passo que os investidores apostavam em cortes maiores.
“Se a economia continuar crescendo, não há pressa em reduzir os juros”, disse o economista-chefe do BTG Pactual em sua avaliação sobre os movimentos do governo.