Samar Maziad, vice-presidente e analista sênior de riscos soberanos na Moody’s, acredita que o mercado se concentra muito nos números exatos, mas, para o rating de crédito, a consolidação fiscal e estabilização da dívida nos próximos anos é mais importante.
A executiva da agência de risco Moody’s fez a afirmação considerando a nova perspectiva para o rating de crédito do Brasil, agora em “Ba2”, saindo de estável para positiva.
“Os esforços para que haja uma melhora nesta seara foram um dos motivos para a alteração da perspectiva do rating brasileiro (juntamente com uma melhora na performance da atividade local), mas a credibilidade do arcabouço tem que ser construída, por isso não subimos diretamente o rating brasileiro”, disse Maziad.
Segundo a vice-presidente, a Moody’s crítica que o mecanismo do arcabouço depende de receitas e não visa muito o lado de gastos, porém há esforços contínuos e graduais para melhorar o quadro atual.
Para a avaliação do perfil de crédito de um país muitos fatores são considerados, disse ela, de acordo com o “Valor Econômico”. Para o Brasil, as incertezas fiscais trazem uma franqueza. “Mas isso está precificado no rating atual”, comentou.
Vice-presidente da Moody’s diz que atividade econômica ajudou na avaliação
“O déficit do ano passado, com as despesas com precatórios incluídas, foi maior do que o esperado. E a mudança da meta para 2025 também fez barulho. A questão é que nem nós, nem o mercado, esperávamos que o governo fosse conseguir zerar o déficit este ano. Na nossa avaliação, será um processo gradual”, afirmou Maziad.
“Esperamos que o governo melhore o resultado fiscal em relação a 2023 e que essa dinâmica continue à frente”, completou ela.
Conforme explicação da executiva do Moody’s, a mudança na perspetiva para o rating brasileiro foi, também, pela melhor performance da atividade local.
“Houve uma mudança no desempenho da economia em relação ao período pré-pandemia. A recuperação da atividade em 2021 foi acima das expectativas e tivemos bons números nos dois anos seguintes”, frisou.
“Avaliamos que essa dinâmica persistirá e continuará ajudando o perfil de crédito brasileiro, diferentemente de anos anteriores […] O foco na atração de investimento verde também pode ganhar importância”, completou a vice-presidente da Moody’s.