Dos presentes mais caros às famosas “lembrancinhas”, se tem uma data que o brasileiro faz questão de não deixar passar em branco, é o Dia das Mães. Não à toa, o segundo domingo de maio é tido como o Natal do primeiro semestre, devido aos bons frutos gerados para o varejo.
Para 2024, as expectativas estão lá em cima: é esperada uma movimentação de R$ 13,2 bilhões no comércio varejista, um aumento de 3,5% em relação ao observado no ano passado. Se concretizado, o número também corresponderá a maior movimentação financeira com a data desde 2015. Os dados são da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).
O resultado previsto converge com os movimentos recentes do setor. Em fevereiro, as vendas do varejo surpreenderam com crescimento de 1%. De acordo com o IBGE, na série sem ajuste sazonal, o comércio varejista cresceu 8,2% em relação a fevereiro de 2023. Esse foi o nono avanço consecutivo registrado.
Também segundo o IBGE, as vendas do comércio varejista permaneceram estáveis em março. Já para o segundo semestre, a previsão é de um incremento de mais de 2% nas vendas, aponta o Ibevar.
Na avaliação de Isabela Tavares, economista e analista de Varejo da Tendênicas Consultoria, o setor de maior destaque no mês das mães será o de bens semiduráveis, como vestuário, calçados e itens de perfumaria.
“Esses segmentos devem contar com o mercado de trabalho mais aquecido, melhora nas condições financeiras das famílias e com os preços de bens industriais bem controlados”, destaca a economista.
Outro setor que deve apresentar crescimento é o de mercados, com previsão de avanço de 11% em relação ao ano passado. De acordo com Guilherme Dietze, economista da Fecomercio, o aumento na demanda tem dois motivos: consumidores em busca de insumos e produtos para preparar as refeições do domingo e empresários que precisam abastecer os estoques para atender às filas de espera em bares e restaurantes.
Melhora nas taxas de juro e na inflação
Fabio Bentes, economista do CNC, chama atenção para as melhores condições das taxas de juros este ano. Ele pontua que a taxa média de juros para pessoas físicas, após atingir o pico de 59,87% ao ano em maio de 2023, assumiu uma trajetória de queda, o que influencia diretamente o planejamento das famílias para este Dia das Mães.
“Além disso, há um recuo da inflação. A cesta específica de produtos para esta data comemorativa conta uma alta de 2,5% em 2024. Isso confirmaria a menor variação dessa cesta desde o Dia das Mães de 2020″, destaca Bentes.
Dietze destaca que, para os consumidores, embora o orçamento tenha sido atingido por algumas altas nos últimos meses, o cenário ainda é melhor do que o ano passado.
“A inflação de alimentos, bebidas e medicamentos no primeiro trimestre deste ano tem impactado o bolso do consumidor, então, será uma data positiva, mas, devido à piora nas condições nos últimos meses, pode ser um pouco menor do que o esperado. Mas estamos em um cenário bem mais favorável do que em 2023”, diz o economista da Fecomercio.
Impacto positivo no mercado de trabalho
Diante das expectativas de maiores vendas devido ao Dia das Mães, mais pessoas devem ingressar no mercado de trabalho para atender à demanda de clientes, em comparação ao ano anterior.
De acordo com a CNC, devem ser geradas 25,9 mil vagas em 2024 contra 23,7 mil no ano passado. Em relação aos salários, a estimativa é de um salário médio de admissão de de R$ 1.794, uma alta de 7,1% do valor médio pago na mesma data em 2023.
A expectativa da entidade sindical é que 6,8 mil trabalhadores temporários sejam efetivados no varejo após o fim da segunda data comemorativa mais importante para o setor.