Os membros do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) decidiram reduzir a taxa de juros em 0,25 ponto porcentual, levando a Selic a 10,50% a.a.
A decisão não pegou o mercado de surpresa. Para o economista do banco Master, Paulo Gala, a grande novidade reside no fato de que os novos diretores, indicados pelo governo atual, foram unânimes quanto ao corte de 0,50 p.p, enquanto os cinco diretores antigos votaram pelo corte de 0,25 p.p.
“Há uma unanimidade entre os novos diretores, mostrando um alinhamento mais ‘dovish’, mais para juros mais baixos na cabeça desses novos diretores, que vão, eventualmente, assumir o comando do BC (Banco Central) quando os antigos saírem. A primeira dissidência desse Copom, que vinha votando em unanimidade”, afirma Paulo.
A falta de unanimidade na decisão, para Jansen Costa, sócio da Fatorial Investimentos, representa um “problema maior”.
“A volatilidade vai ser maior, a curva de juros mais longa vai abrir, dado que a expectativa que o mercado vai ter é, basicamente, de um novo Banco Central mais agressivo no corte de juros. Por consequência, o mercado vai entender que, depois que o Campos Neto sair, vai haver novos cortes de juros em função da inflação corrente e, obviamente, isso vai pressionar a curva de juros e também, se possível, o dólar“, avalia Jansen.
Outro destaque, pontua Marcelo Bolzan, planejador financeiro, CGA e sócio da The Hill Capital, é o fato do comitê ter sinalizado com ênfase uma preocupação com o fiscal. “Ele [o comitê] ressalta que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação”, diz Marcelo.
Mercado ‘no escuro’ quanto aos próximos passos do Copom
Paula Gala sinaliza a falta de orientação do Copom quantos aos próximos passos. “Deixa a porta aberta. Não fala nada de términos de ciclo, de novos cortes ou qualquer coisa que valha em termos de taxa terminal, não se compromete com nada”.
Segundo informou o comitê, “a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta.”
Para Maykon Douglas, economista da Highpar, a retirada do ‘guidence’ sobre o ritmo futuro é válida, diante sinalizações e alertas sobre a inflação prospectiva e a política fiscal.
“Este quadro de incerteza deve se manter. Assim, é mais provável que os juros terminem 2024 em 10,0% ao ano, ou seja, com mais dois cortes de 25 p.p”, ressalta Maykon.
Alexandre Mathias, estrategista-chefe da Monte Bravo, e Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo, seguem com a mesma aposta.
“As projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência situam-se em 3,8% em 2024 e 3,3% em 2025. Em que pese a incerteza, a projeção de 2025 mostra a inflação cadente e na direção de 3%, por isso, mantemos a visão de que o Copom seguirá reduzindo os juros no ritmo de 25 p.b. nas próximas, levando a taxa Selic para 9,50% a.a. em novembro”, destam Alexandre e Luciano.
Na expectativa de Bolzan, que espera mais um corte de o,25 p.p, a quinta-feira (9) deve ser de bolsa em queda e aberturas dos juros.