O CFO da Lojas Renner (LREN3), Daniel dos Santos, destaca que a empresa planeja concentrar-se em preços mais acessíveis e ampliação do sortimento de produtos em suas lojas físicas e plataformas digitais para recuperar o ritmo de crescimento em 2024, após enfrentar desafios em 2023.
Isso foi discutido durante uma entrevista no programa “PDR – Por Dentro dos Resultados”.
“Em 2023 tivemos um impacto grande na Renner e no segmento de vestuário fruto da inflação acumulada e da falta de crédito”, disse o executivo.
“O que a Renner fez ao longo de 2023 e que vem se mostrando acertado para 2024 é olhar para o portfólio de produtos e dar uma atenção especial aos itens de entrada”, acrescentou Santos.
Na noite desta quarta-feira (8), a empresa divulgou seu balanço trimestral referente ao primeiro trimestre de 2024 (1T24), revelando um crescimento de 9% na receita do segmento de vestuário, superando a média do mercado.
Ele explica que, devido à inflação no segmento, diversos itens de entrada tiveram aumento de preço.
“Com o consumidor mais sensível ao preço no pós-pandemia, isso se tornou um problema no ano passado. A Renner endereçou essa questão aumentando o volume de itens de entrada e incluindo novos itens na base da pirâmide do portfólio de preço, além de focar em uma coleção mais comercial no posicionamento de preço: trazendo diferenciação e itens de moda, mas mais acessíveis”, explica Santos.
Estratégia da Renner
Em sua perspectiva, essa estratégia, combinada com uma comunicação eficaz, resultou em um aumento no fluxo de consumidores e gerou maior taxa de conversão.
“Esse aumento de 9% foi inteiramente de volume, não teve componente de preço”, diz o CFO ao PDR.
O executivo também destacou que, mesmo priorizando produtos com preços mais acessíveis, a empresa conseguiu manter suas margens e aumentar o lucro no trimestre. Isso se deveu a uma melhor capacidade de reação, ajustes nos custos por meio de negociações, além de benefícios do câmbio e uma redução na inflação de materiais.
“Conseguimos readquirir a capacidade de reação: ajustar o sortimento olhando para o que o consumidor quer e também conforme a temperatura. Além disso, não necessariamente quando se oferta itens de preço de entrada, sua margem cai”, avalia Santos.
“Via negociações e contando com câmbio e inflação de materiais reduzidos conseguimos manter uma margem sadia e crescente. Vamos manter uma recuperação gradativa da margem bruta, mesmo com produtos mais acessíveis”, analisa o executivo.
Rio Grande do Sul
A Renner, originária do Rio Grande do Sul, assim como várias outras empresas que operam na região, está enfrentando impactos significativos devido às enchentes que têm atingido o estado.
Durante a teleconferência de resultados, o CEO da Lojas Renner, Fabio Faccio mencionou que atualmente 2% das lojas estão fechadas, enquanto no momento mais crítico, esse número chegou a 4%.
“Não temos centros de distribuição no Rio Grande do Sul e, do lado dos fornecedores, é imaterial. O impacto mais real é do lado das lojas fechadas”, disse Faccio, durante a teleconferência com analistas.
A empresa indicou que vê a possibilidade de as chuvas no Rio Grande do Sul e o calor fora do comum em algumas regiões do país durante os meses de abril e maio terem impactos em seu desempenho no segundo trimestre.
“Eventos climáticos extremos, que vemos desde abril, tornam perspectivas mais desafiadoras, com impacto provavelmente no segundo trimestre. Mas vemos como algo pontual”, disse Faccio.