No frenético cenário de concorrência entre varejistas de todo o mundo, os empreendedores se veem imersos em um turbilhão de atividades, buscando cada vez mais engajar seu público e conquistar novos mercados. As demandas são inúmeras e os desafios constantes. No entanto, é fundamental reconhecer que, no cerne do varejo, há uma relação com o consumidor que precisa ser cultivada.
Por conta dessa necessidade, surgiu o termo Business BFF (best friend forever), que significa tornar-se o melhor amigo do consumidor. Para que isso ocorra de maneira intrínseca, é necessário transformar a simples transação comercial em uma relação comercial. Significa ir além dos números e das estatísticas, e compreender que, no final do dia, são as pessoas que impulsionam os negócios.
As interações com o cliente devem ser consideradas uma oportunidade para encantar e
cativar, assim como faríamos com um amigo querido. O conceito de Business BFF transcende a simples troca de produtos ou serviços, pois envolve autenticidade, transparência, credibilidade e, surpreendentemente, vulnerabilidade. Reconhecer e admitir falhas não afasta mais o cliente, pelo contrário, cria uma conexão genuína, especialmente com as gerações Z e Alpha, que valorizam a autenticidade acima de tudo.
É claro que, mais do que nunca, o uso de dados para compreender o comportamento,
preferências e desejos do público é essencial para identificar novas oportunidades de vendas. No entanto, a necessidade de um relacionamento verdadeiramente mais próximo da marca com o cliente vem se intensificando, especialmente com as novas gerações, que consideram diversos fatores antes de realizar uma compra, como os valores da empresa, sua identidade, posicionamento e se há uma conexão com seu modo de pensar.
Uma pesquisa do Guia dos Melhores, uma plataforma de avaliação de produtos, revelou que 77% dos consumidores brasileiros consideram a reputação da marca por meio de avaliações, seja nas redes sociais, em plataformas online ou por meio de conhecidos, sendo este o fator de maior influência no momento da compra. Além disso, de acordo com o Google, 93% dos brasileiros realizam pesquisas antes de efetuar uma compra. Em média, os consumidores acessam seis canais diferentes antes de decidir onde adquirir um produto, conforme dados da Ipsos Brasil, uma empresa especializada em pesquisas de mercado. Esses dados evidenciam como os consumidores estão cada vez mais exigentes e buscam estabelecer relações verdadeiras com as marcas para, finalmente, concluir uma compra.
É por isso que as empresas que adotam a mentalidade BBF não escondem problemas debaixo do tapete, mas os enfrentam com coragem e resiliência. É essa abordagem que possibilita uma integração genuína com o cliente, fazendo com que ele se sinta parte da história da marca e pronto para embarcar em novas jornadas juntos.
Para iniciar essa relação de melhores amigos, o primeiro passo é entender onde encontrar o seu público. A resposta é simples: nos canais digitais. As redes sociais tornaram-se o novo epicentro da interação humana e do comércio. É lá que as marcas precisam estar presentes, engajando, divertindo e, acima de tudo, conectando-se com seu público-alvo.
O shoppertainment, ou entretenimento de compras, é a nova realidade. Plataformas como TikTok (com mais de 62 milhões de usuários ativos), Kwai (com mais de 47 milhões de usuários ativos) e Instagram (com mais de 102 milhões de usuários ativos) são os novos centros comerciais, onde os consumidores se divertem e compram ao mesmo tempo. As empresas precisam estar presentes nessas plataformas, tornando-se parte da vida digital dos clientes, principalmente porque os brasileiros são os que mais passam tempo navegando nas redes, com uma estimativa de 5,4 horas por dia. Outro dado que evidencia ainda mais a importância do digital para os negócios é um levantamento da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm), que afirma que o número de compradores virtuais no Brasil cresceu de 80 milhões em 2022 para 87,8 milhões em 2023.
Esse novo comportamento das marcas – de se tornarem melhores amigas de seus clientes – pode ajudar, inclusive, como estratégia para sobreviver diante da concorrência acirrada com grandes players. De acordo com o WSJ Companies, em 2022, a receita global da Shein chegou a $30 bilhões, ultrapassando marcas como Zara e H&M, que estão há mais tempo no mercado. E por que isso aconteceu de uma maneira tão rápida? Empresas como a Shein oferecem produtos de oportunidade, que seguem as tendências e têm qualidade e preços competitivos. Porém, por ser uma marca global, dificilmente, essas empresas conseguem criar uma identidade e uma relação sólida com o cliente. Esse é o território reservado para o varejo local, onde a proximidade, a cultura e o entendimento das necessidades do cliente são as verdadeiras armas competitivas. É nesse aspecto que a Zara e H&M saem na frente e podem conquistar espaço e, consequentemente, mais vendas.
Portanto, ser um Business BFF não é apenas uma estratégia de negócios, é uma filosofia
empresarial. É reconhecer que, no mundo dos negócios, as relações são tão importantes
quanto os resultados financeiros. É hora de as empresas brasileiras abraçarem essa mentalidade e se tornarem melhores amigos de seus clientes, uma marca confiável, divertida, que se mostra sempre disponível e preocupada com o seu cliente, que o entende, que o conhece de maneira profunda e que é capaz de oferecer tudo aquilo que ele precisa sem ele pedir, como um verdadeiro amigo faz.
O conceito de Business BFF deve ser realmente uma estratégia a ser implementada no varejo. O futuro dos negócios é relacional e aqueles que adotarem essa ideia estarão um passo à frente na jornada rumo ao sucesso duradouro.