O ex-presidente-executivo da Petrobras (PETR3;PETR4), Jean Paul Prates, afirmou nesta quarta-feira (15), ao deixar a sede da empresa, que está deixando a petroleira em melhores condições do que quando assumiu o cargo de CEO no início de 2023.
Em entrevista a jornalistas na entrada da sede da Petrobras, no centro do Rio de Janeiro, Prates afirmou que a empresa agora possui uma política de preços ajustada e que a reindustrialização está em andamento nas áreas de refino, fertilizantes e indústria naval.
“Sem dúvida nenhuma, deixamos uma empresa melhor, bem melhor“, disse ele a repórteres após deixar a sede da empresa sob aplausos e afagos de funcionários que o aguardavam para a despedida.
Durante sua gestão, Prates encerrou a política de paridade de preços internacionais da Petrobras, implementando uma nova política comercial conforme prometido na campanha eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A antiga política de preços havia causado problemas para o Palácio do Planalto em governos anteriores, sempre que a Petrobras precisava aumentar os preços.
“A gente deixou uma política de preços que o presidente (Lula) pediu, disse que ia abrasileirar os preços. O mercado entendeu, a gente conseguiu explicar isso e mostrou que a Petrobras consegue fazer esses preços sem perder dinheiro“, afirmou.
Prates deixou o comando da companhia após uma decisão de Lula. O governo anunciou que indicará Magda Chambriard, ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), para a posição. Ela e Prates trabalharam juntos na transição de governo após a eleição presidencial de 2022.
“Mudamos a política de preços e de dividendos, que eram as duas coisas que a gente tinha temor em relação ao valor da empresa. Conseguimos entregar com a ação subindo“, afirmou Prates.
Petrobras (PETR4) perde R$ 49,5 bi de valor com saída de Prates
O mercado reagiu mal ao anúncio da saída de Jean Paul Prates da presidência da Petrobras (PETR4). As ações da empresa registram forte queda nesta quarta-feira (15), chegando a uma baixa máxima de 9,57% para PETR3 e de 8,25% para PETR4.
Com isso, a Petrobras chegou a perder mais de R$ 49,5 bilhões de valor de mercado, passando de R$ 548,5 bilhões do fechamento de ontem, para R$ 499 bilhões no pior momento da sessão desta quarta.
Por volta das 13h28 (horário de Brasília), a PETR3 caía 7,36%, a R$ 39,77, enquanto a PETR4 recuava 6,41%, cotada a R$ 38,25.
A demissão de Prates pegou o mercado de surpresa e, segundo especialistas ouvidos pelo BP Money, criou uma onda de incertezas quanto ao futuro da empresa, principalmente em relação à distribuição de dividendos.
De acordo com Gabriel Redivo, sócio e diretor de gestão da Aware, a chegada de Magda Chambriard na presidência da empresa carrega o risco de uma possível expansão de investimentos em projetos menos atrativos e de suspensão dos pagamentos.
“Vale ressaltar que a Petrobras tem um dos maiores CAPEX entre as empresas listadas em bolsa, sendo recordista mundial em substituição de CEOs em um curto espaço de tempo, tendo ocorrido 8 mudanças de CEO desde o governo Temer. Isso, sem dúvida, afeta a confiança dos investidores e a governança da empresa”, destacou Redivo.