A troca na gestão da Petrobras (PETR3; PETR4) foi percebida pelo mercado como um sinal de intervenção estatal, gerando instabilidade. Inicialmente, houve uma redução nos ruídos e notícias na imprensa, dando a impressão de menor volatilidade.
No entanto, após a poeira baixar, a mudança se concretizou, desapontando investidores e analistas com a clara intervenção do governo, o que resultou em uma forte queda nas ações da empresa.
Às 15h50 (horário de Brasília), as ações preferenciais recuavam 5,95%, a R$38,44, enquanto as ações ordinárias perdiam 7%, a R$39,92, e as American Depositary Receipts (ADRs) estavam em baixa de 7,22%, a US$15,47.
Einar Rivero, consultor da Elos Ayta Consultoria, comparou a perda de valor de mercado das ações da Petrobras com o valor total de mercado da Equatorial (EQTL3).
Segundo ele, até as 12h do pregão desta quarta-feira (15), a Petrobras registrou uma queda de R$ 35,3 bilhões em seu valor de mercado, chegando a R$ 507 bilhões, o que equivale ao valor total de mercado da Equatorial.
Para o Bank of America (BofA), a demissão de Prates foi decepcionante, embora não tenha sido surpreendente, considerando o fluxo de notícias.
“O atrito começou no ano passado, quando agências de notícias locais relataram a insatisfação de alguns representantes do governo com o desalinhamento da administração de Prates com a agenda econômica do governo (preços dos combustíveis e inflação, produção de gás e promoção do crescimento econômico através de investimentos mais elevados, etc.)”, recordam os analistas Caio Ribeiro e Leonardo Marcondes.
O BofA avalia a mudança como negativa, pois apesar da volatilidade dos papéis nos últimos meses, Prates “conseguiu ganhar muita confiança do mercado em relação a importantes tópicos como política de preços de combustíveis alinhada com os preços internacionais, produção upstream superando guidance e uma distribuição de dividendos mais forte em relação aos pares”.
Prates sobre a saída da Petrobras
Ao deixar a sede da empresa, Jean Paul Prates afirmou que está entregando a estatal em uma condição superior àquela em que assumiu o cargo no início de 2023. Sua saída ocorre após um período de intensa pressão, com sua permanência sendo considerada insustentável por membros do governo, que o rotularam como “traidor”.
O impasse teve início com os dividendos extraordinários, quando Prates defendeu a distribuição de metade dos valores retidos, apesar da resistência de conselheiros governistas.
Após uma disputa pública nas redes sociais com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, Prates fez uma espécie de ultimato para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidisse sobre sua permanência no cargo, uma ação que não foi bem recebida.
O Morgan Stanley considerou a mudança como negativa, apesar de ter acreditado que os riscos estavam no passado. Os analistas Bruno Montanari, Thiago Casqueiro e Carlos Moraes observaram que a empresa terá seu 43º CEO desde sua fundação e o 10º na última década, o que consideram um número significativamente alto.