Os cortes na taxa de juros da economia brasileira chegaram ao fim, pelo menos por enquanto, projeta o economista Tony Volpon, ex-diretor do Banco Central (Bacen), atual professor da Georgetown University, e diretor do Instituto Makros.
Volpon atribui essa pausa na flexibilização a uma piora nas expectativas inflacionárias e a um maior pessimismo na comunicação da autoridade monetária.
“Me parece que a única decisão coerente é realmente deixar a taxa Selic inalterada”, reforça. Ele aponta que, apesar de haver uma chance de um corte de 0,25 ponto percentual na próxima decisão, essa não é sua previsão principal.
Segundo o ex-diretor do Bacen, a ata da última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central indicou que a divergência entre os diretores foi motivada pelo guidance anterior, que sugeria um corte de 0,5 ponto percentual, mas acabou sendo de apenas 0,25 ponto percentual.
Taxa de juros no mesmo patamar
Com o cenário em deterioração e a ausência de um novo guidance, é mais provável que a Selic permaneça no mesmo patamar.
O economista alerta para um aumento no pessimismo na divulgação da última ata. “As expectativas, que estavam sendo até esse momento sendo descritas como parcialmente ancoradas, agora são descritas como desancoradas”, observa.
Além disso, segundo Volpon, parece haver um consenso na diretoria em se comprometer com a meta, e não com a banda, visando uma reancoragem completa das expectativas.
Dessa forma, Volpon reforça que, até o momento, nenhum membro da diretoria expressou uma visão alternativa ao entendimento mais pessimista. Isso sugere que há indicações de que os juros devem ser mantidos a partir de agora.
“Quem tem voto, quem votou pelo 0,50, até o momento não vi uma defesa, uma explanação de uma análise que justificaria continuar o processo de corte de juros nesse quadro”, aponta o economista.
Juros futuros avançam com expectativa de Selic mais alta
As taxas do DI (Depósitos Interfinanceiros) fecharam esta segunda-feira (20) em alta, com maior movimento nos contratos a partir de 2026, como reflexo da expectativa do mercado de uma Selic (taxa básica de juros) mais elevada no final de 2024.
A espera por uma taxa de juros maior é decorrente do que foi indicado pelo Relatório Focus do BC (Banco Central), divulgado nesta segunda-feira. Além disso, os receios em relação ao futuro do Copom (Comitê de Política Monetária) e o contido crescimento dos rendimentos de Treasuries no exterior também influenciaram o movimento nacional.
No final desta tarde, a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,38%, contra os 10,364% do ajuste anterior, ao passo que a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,7%, ante 10,655% no ajuste anterior.