As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) apresentam queda forte nesta quinta-feira (20), após decisão unânime dos membros do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) em manter a taxa Selic em 10,50% a.a..
A baixa dos juros futuros é mais intensa na chamada “barriga da curva”, entre os contratos até janeiro de 2026. Às 11h13, a taxa do DI 2026 estava em 11,15%, em queda de 20 pontos-base ante o ajuste da véspera (11,349%).
O recuo das taxas entre os contratos de prazos mais longos também é consistente nesta quinta-feira, apesar de menor. A taxa do DI para janeiro de 2031 estava em 12,06%, em queda de 11 pontos-base ante o ajuste anterior (12,166%).
A baixa das taxas ocorre na contramão do exterior, onde os rendimentos dos Treasuries tinham ganhos firmes na volta do feriado de Juneteenth.
Copom: decisão unânime sobre juros afasta risco político, dizem especialistas
A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) anunciada nesta quarta-feira (19) não mostrou grandes surpresas ao mercado, ao manter a Selic (taxa básica de juros) em 10,50% ao ano. No entanto, as atenções se voltam ao posicionamento unânime dos membros, que, para os analistas, foi algo positivo.
Os ruídos políticos que corriam nas últimas semanas lançaram sobre o mercado o receio de que as próximas decisões do Copom deixassem de ser técnicas, e sucubissem às interferências políticas.
Marcelo Bolzan, CGA, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital, avaliou que a unanimidade elimina qualquer dúvida sobre a credibilidade da política monetária.
“Como esperava, o comunicado veio com tom mais hawkish. Depois do dissenso na última reunião, piora dos balanços de risco do último Copom para cá, maior preocupação com quadro fiscal e expectativas de inflação desancorando, a decisão precisava ser unânime e hawkish.”, afirmou.
“Na minha opinião, o mercado vai receber bem a decisão e o comunicado. Devemos observar queda no dólar e nos juros futuros, enquanto que a bolsa deve abrir em alta refletindo maior otimismo com a política monetária”, projetou Bolzan.
Beto Saadia, economista e diretor de investimentos da Nomos, compartilha da mesma visão sobre a provável reação do mercado, pois o Copom mostrou um rigor com a meta dos diretores, que será mantida pelos anos seguintes.
“Isso vai eliminar não toda, mas uma boa parte desse ruído de mercado em relação a uma provável divisão ideológica entre a diretoria que fica e a diretoria que sai”, disse ele.