Devido a influências externas e ao agravamento das preocupações com o risco nacional, o dólar tem mantido uma tendência de valorização consistente nos últimos meses e não se espera que retorne aos patamares anteriores em um futuro próximo, de acordo com projeções do PicPay.
“O dólar atingiu suas máximas em quase dois anos durante o mês de junho. Parte disso se deve ao exterior, mas os fatores domésticos são o que tem predominado na piora do dólar por aqui”, disse.
O economista-chefe da empresa, Marco Antonio Caruso, revisou sua previsão para o final de 2024, elevando-a de R$ 5,00 para R$ 5,30.
“O país vive um momento de incerteza fiscal, com o governo reduzindo o superávit projetado para os próximos anos e começando a ver um certo limite do ajuste fiscal sendo feito pelo lado da receita, evidenciado pela discussão do PIS/Cofins”, afirma o economista do PicPay.
A incerteza acerca da viabilidade da dívida pública é o principal elemento por trás da recente degradação observada no mercado cambial nacional.
“A partir daqui, é preciso começar a pensar em cortes de despesas, e o mercado se pergunta se haverá essa disposição por parte do governo”, completou.
Caruso também destaca que as apostas contra o real atingiram o pico de uma década, indicando que a tendência de um dólar forte pode ser mais persistente do que se pensava inicialmente no país.
Ele menciona ainda que, apesar da alta do dólar, a volatilidade tem se mantido baixa, o que pode sugerir uma tendência de longo prazo. Em relação ao próximo ano, o PicPay já previa um ambiente desafiador para o real, o que se confirma na revisão atual, com a projeção para o dólar no final de 2025 subindo de R$ 5,10 para R$ 5,30.
Dólar toca o maior valor registrado no governo Lula
Em mais uma sessão valorizada, o dólar chegou ao patamar dos R$ 5,46, subindo 0,365, na sessão desta quinta-feira (20). O valor é o maior do governo Lula 3, sendo também o nível mais alto alcançado desde julho de 2022, quando esteve em R$ 5,49.
No exterior, o dólar também valorizou, seguindo a alta dos rendimentos dos Treasuries norte-americanos – títulos do Tesouro dos EUA. Outro ponto que ditou o movimento foram declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O mandatário federal teceu críticas à decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada na quarta-feira (19) pelo BC (Banco Central). O colegiado, em decisão unânime, manteve a Selic (taxa básica de juros) em 10,50% ao ano.