O IPCA-15, conhecido como prévia de inflação, divulgado na manhã desta quarta-feira (26), reforçou que o controle inflacionário será uma questão desafiadora para o BC (Banco Central), durante os próximos meses.
A afirmação pertence ao economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, que, ao BP Money, ressalta uma expectativa de que a inflação deste ano se escale para a casa dos 4%, testando o BC.
“A expectativa para esse ano já vai em quase 4%. O Banco Central vai ter uma vida difícil para controlar a inflação nos próximos meses. Dado que a economia está mais aquecida, o mercado de trabalho está mais apertado e o câmbio está mais desvalorizado”, afirmou.
De acordo com Gala, as incertezas que permeiam a política monetária e o cenário fiscal brasileiro são fatores que potencializam a escalada inflacionária do país, ao passo em que “a história de inflação começa a ficar um pouco mais complicada” para a autarquia monetária.
“Apesar de que eu acho que ontem a ata deu uma tranquilizada e mostrou que o Banco Central está atento e vai combater a inflação”, completou
“O câmbio desvalorizado é inflacionário. O câmbio de 5,50 é muito mais inflacionário do que um câmbio de 5. Aumenta o preço dos alimentos, de tudo que é transacionável, exportável. Então a vida do BC brasileiro não será fácil no segundo semestre.
A meta contínua da inflação foi validada, na última terça-feira (25), através do decreto que altera o regime de meta de inflação atual para meta contínua a partir de 2023, com alvo em 3%.
A meta de inflação foi estipulada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) em 3% para este e os próximos dois anos. Ainda segundo a meta, há uma tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Em entrevista à UOL, o presidente Lula afirmou que a inflação do país está controlada e reiterou suas críticas ao elevado nível dos juros básicos.
‘IPCA-15 desacelera, mas pede atenção’, diz especialista
O IPCA-15 divulgado nesta quarta-feira (26), pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apresentou uma redução na inflação de junho, que passou de 0,44%, em maio, para 0,39% neste mês.
Ao BP Money, especialistas ressaltaram que, embora o ritmo da inflação tenha apresentado uma redução, ainda é necessário ficar atento ao cenário macroeconômico.
Para o economista da Highpar, Maykon Douglas, o qualitativo recente da inflação segue exigindo atenção, “uma vez que o mercado de trabalho continua aquecido e surpreendendo para cima”.
Douglas analisa que este foi um resultado qualitativo “não muito bom”, pois os preços de serviços subjacentes, relevante grupo na condução da política monetária, se aceleraram para níveis acima do esperado.
“Os preços se desaceleraram quando se analisa as variações mais recentes, ou seja, variam um pouco menos do que vimos no início do ano”, avaliou.
O peso da alta não foi sutil. Isso por que alguns dos alimentos mais comuns no prato das famílias brasileiras contribuíram para essa alta nos preços. O destaque segue sendo a batata inlgesa, que disparou 24,18%, e leite longa vida, que avançou 8,84%.
Outra alta notória nos mercados e feiras foi o tomate, que saltou e 6,32%, bem como o arroz, com alta de 4,20%