O Brasil comemora os 30 anos do Plano Real nesta segunda-feira (1º), um marco na história econômica do país. Implementado em 1º de julho de 1994, o Real (BRL) surgiu em meio a um cenário de hiperinflação, trazendo estabilidade e previsibilidade para a economia brasileira.
No início dos anos 1990, o Brasil enfrentava uma hiperinflação devastadora, com taxas anuais chegando a mais de 2000%.
O contexto econômico era caótico: salários perdiam valor de um mês para o outro, a incerteza pairava sobre os preços, e a confiança na moeda era praticamente inexistente. Foi nesse cenário que o Plano Real foi concebido.
Três décadas após a implementação do Plano Real, celebrado nesta segunda-feira (1º), a inflação acumulada no período chegou a 708%, conforme dados da calculadora do Banco Central (BC).
Na prática, isso significa que um produto que custava R$ 1 em julho de 1994 agora equivale a R$ 8,08, baseado no último IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de maio. A desvalorização da moeda também pode ser vista ao comparar as cédulas lançadas em 1994.
Uma nota de R$ 5 há 30 anos hoje corresponde a R$ 40,40, enquanto R$ 10 seriam equivalentes a R$ 80,80.
Usando a mesma lógica, uma cédula de R$ 50 de 1994 teria o valor atual de R$ 404,01, e R$ 100 seriam R$ 808,02.
O plano foi elaborado por uma equipe econômica liderada por Fernando Henrique Cardoso, então Ministro da Fazenda, que mais tarde se tornaria Presidente da República.
A estratégia envolveu uma série de reformas econômicas, incluindo a criação da Unidade Real de Valor (URV), que serviu como uma moeda de transição antes da introdução do Real.
No seu lançamento, a URV foi convertida em Real, com a taxa de câmbio inicial de 1 Real equivalente a 1 dólar americano. Este marco sinalizou o fim de um período de hiperinflação e o início de uma nova era de estabilidade econômica.
Variações do valor da cotação do real
Desde sua introdução, o valor do Real em relação ao Dólar americano passou por diversas oscilações. Nos primeiros anos, o Real manteve uma paridade próxima ao Dólar, mas crises econômicas internas e externas levaram a uma desvalorização ao longo do tempo.
1994-1999
Durante o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, o Real manteve-se relativamente estável em relação ao Dólar, graças a uma política de câmbio fixo e intervenções do Banco Central.
Crise de 1999
A crise cambial de 1999 forçou o Brasil a adotar um regime de câmbio flutuante, resultando em uma rápida desvalorização da moeda. O Real passou de aproximadamente 1,2 BRL/USD para cerca de 2 BRL/USD em questão de meses.
2002-2003
A incerteza política e econômica associada às eleições presidenciais de 2002 levou a uma nova desvalorização significativa, com o Real atingindo aproximadamente 3,5 BRL/USD.
Estabilidade e crises
Após períodos de relativa estabilidade, o Real enfrentou novas desvalorizações durante crises econômicas globais, como a crise financeira de 2008 e a recessão brasileira de 2014-2016.
Gráfico de variações do real ao longo do tempo
Cotação atual e picos históricos
Atualmente, em 1º de julho de 2024, o Real é negociado a cerca de 4,85 BRL/USD. Esta taxa reflete uma recuperação moderada em relação aos piores momentos da recessão de 2014-2016, quando a moeda chegou a ser negociada acima de 4 BRL/USD.
O maior valor histórico do Real foi registrado em fevereiro de 2020, quando atingiu a cotação de 4,39 BRL/USD, reflexo de incertezas econômicas e políticas, bem como de uma economia global em desaceleração.
Curiosidades sobre o Plano Real
A URV foi uma unidade de conta indexada ao dólar americano, criada para estabilizar os preços e preparar o terreno para a nova moeda. Ela coexistiu com o Cruzeiro Real (a moeda anterior) por alguns meses, ajudando a população a se acostumar com a ideia de estabilidade monetária.
As primeiras cédulas do Real traziam figuras históricas e culturais importantes, como Pedro Álvares Cabral e a efígie da República, simbolizando a nova fase de confiança e soberania nacional.