Caso de fraude

Americanas (AMER3): Espanha deve negar extradição de ex-CEO

O pedido ainda não foi realizado; o caso da Americanas segue na 10ª Vara Federal Criminal

Americanas
Miguel Gutierrez, ex-CEO da Americanas (Foto: Reprodução)

O governo avalia que um pedido de extradição de Miguel Gutierrez, ex-CEO da Americanas (AMER3) à Justiça da Espanha deve ser negado, de acordo com apuração do “Valor”. Isto porque o executivo tem cidadania espanhola. 

O pedido ainda não foi realizado. O caso da Americanas segue na 10ª Vara Federal Criminal. É preciso que a Justiça do Rio de Janeiro, onde corre o processo, solicite formalmente ao Ministério da Justiça e Segurança Pública a entrada no pedido de extradição do ex-CEO da Americanas.

O governo espanhol não costuma adotar a medida de extradição para pessoas com cidadania do país, o que surge como um impedimento ao pedido.

Durante a Operação Disclosure, deflagrada pela PF (Polícia Federal), Gutierrez foi um dos alvos e chegou a ficar foragido, com o nome incluso da Difusão Vermelha da Interpol. Ele foi preso na sexta-feira (28) e liberado depois de prestar esclarecimentos. 

“A extradição entre Brasil e Espanha é regida por um tratado bilateral que prevê que os países não são obrigados a extraditar seus próprios cidadãos, mesmo quando cabível a extradição. Essa é uma tradição de Estados democráticos e a Espanha já negou extradição antes com base nisso. Assim, eu diria que as chances são baixas”, diz o advogado Rogério Costa, especialista na área, de acordo com o veículo.

Quem é Miguel Gutierrez: ex-CEO da Americanas listado na Interpol

Até pouco tempo, o ex-CEO da grande varejista brasileira Americanas (AMER3) era praticamente desconhecido do público. Miguel Gutierrez, conhecido por sua discrição, evitava a mídia, mantinha-se afastado de investidores e analistas, e raramente aparecia em fotos públicas.

No entanto, nesta quinta-feira (27), ele se tornou alvo da Operação Disclosure da Polícia Federal, acusado de supostas fraudes contábeis durante seu mandato na empresa.

Miguel Gutierrez, bastante discreto, reside na Espanha desde que o escândalo da Americanas veio à tona em janeiro de 2023. Nascido em 1961, o ex-executivo brasileiro possui dupla cidadania espanhola.

Formado em engenharia mecânica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e em economia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Gutierrez também completou um programa de formação de lideranças nos Estados Unidos.

Sua carreira na Americanas começou em 1993, quando a companhia era liderada por Carlos Alberto Sicupira, um dos principais acionistas da empresa e membro do renomado trio de bilionários com Jorge Paulo Lemann e Marcel Herrmann Telles.

Durante três décadas, Gutierrez trabalhou em diversos setores, destacando-se por suas estratégias de corte de custos, que agradaram aos bilionários, conforme relatado pela Bloomberg.