No dia em que o dólar atingiu R$ 5,65, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a recente valorização da moeda americana é influenciada, entre outros fatores, pela comunicação do governo.
“Apesar da desvalorização ter acontecido no mundo todo, de uma maneira geral, aqui aconteceu uma coisa que foi maior do que nos nossos pares. Atribuí isso a muitos ruídos. Eu já falei isso no Conselhão, precisamos comunicar melhor os resultados econômicos que o País está atingindo”, afirmou na última segunda-feira (1º) a jornalistas.
Segundo Haddad, a taxa de câmbio deve se estabilizar à medida que as decisões sobre os gastos do governo forem finalizadas. “Acredito que haverá uma acomodação, pois quando esse processo se concluir, a tendência é que a alta do dólar se reverta”, explicou.
Quando questionado sobre a possibilidade de intervenção no câmbio, Haddad destacou que essa responsabilidade cabe ao Banco Central, e não à Fazenda.
“Eles lá é que sabem quando e como fazer, é um assunto que cabe a eles decidir. Sempre é possível (intervir no câmbio), porque está na governança do Banco Central agir quando necessário. Se vai ser necessário ou não, compete à diretoria do BC julgar”, declarou.
Na entrevista, Haddad ressaltou que a arrecadação de junho superou as expectativas da Receita Federal e demonstrou otimismo quanto aos futuros resultados da equipe econômica, apesar dos desafios enfrentados pelo governo, como a manutenção da desoneração da folha de pagamento e os impactos econômicos da tragédia no Rio Grande do Sul.
Quanto às finanças, o ministro assegurou que o governo cumprirá as regras do arcabouço fiscal para atingir a meta estabelecida, mas não especificou os valores de possíveis bloqueios ou contingenciamentos no Orçamento. O próximo relatório bimestral de receitas e despesas será divulgado em 22 de julho.
“Nós temos um arcabouço fiscal que tem de ser cumprido. Então, ele (bloqueio ou contingenciamento) vai ser do tamanho necessário para que nossas metas sejam atingidas. Tanto do ponto de vista da despesa, que tem um teto, quanto do ponto de vista da receita para que nós nos aproximemos dentro da banda da meta de 2024. É o nosso esforço”, disse.
Real tem pior desempenho global no 1º semestre, com perda de 13%
O real liderou as perdas entre 33 moedas mais líquidas no primeiro semestre de 2024. A moeda brasileira registrou queda de 13,17% nos primeiros seis meses de 2024.
O real ficou à frente do peso mexicano, com contração de 10,21% no período.
Em terceiro lugar, a moeda que perdeu mais valor foi o peso colombiano, com queda de 6,84%, seguido do peso argentino — contração de 5,92% — e o iene japonês, que caiu 5,82%.
Com o dólar tendo força globalmente, em meio ao início do ciclo de cortes de juros nos EUA, apenas dez moedas conseguiram avançar, com destaque para o rublo russo (alta de 8,93%), o peso chileno (avanço de 2,94%) e o rand sul-africano (alta de 2,09%).
O desempenho ruim do real, com o dólar em torno de R$ 5,60, em seus maiores níveis em mais de dois anos, é explicado especialmente pela deterioração do cenário interno. Segundo o “Valor”, a sustentabilidade da dívida pública é um ponto de constante preocupação, em meio à resistência do governo Lula em cortar gastos.