Num resultado inesperado, a coalizão de esquerda Nova Frente Popular conquistou a maioria dos assentos na Assembleia Nacional da França nas eleições legislativas, embora não tenha obtido força suficiente para governar sozinha.
O segundo turno, realizado neste domingo (7), contou com a participação de quase 60% dos eleitores.
A nova legislatura ficou assim: a Nova Frente Popular, de esquerda, obteve 182 assentos; a coalizão governista Juntos, de centro, conquistou 168 assentos; e a Reunião Nacional, de extrema direita, ficou com 143 assentos.
Apesar do crescimento significativo dos assentos conquistados pelo Reunião Nacional (RN), de 88 para 143, o resultado foi uma decepção para a extrema direita.
No primeiro turno, realizado há apenas uma semana, o partido de Marine Le Pen havia liderado todas as outras forças políticas e esperava obter a maioria absoluta na Assembleia Nacional.
“Nossa vitória foi apenas adiada”, disse Le Pen, horas depois de uma pesquisa boca de urna indicar a derrota da legenda.
O primeiro-ministro da França, Gabriel Attal, do partido Juntos, também reconheceu a derrota e anunciou que colocará seu cargo à disposição nesta segunda-feira (8).
A responsabilidade de indicar um novo premiê, considerando os resultados dessas eleições, será do presidente Emmanuel Macron. No entanto, ainda não há previsão de quando essa nomeação ocorrerá.
Novo bloco de esquerda no parlamento da França preocupa mercado
Os investidores estão preocupados que a ascensão da esquerda na França possa reverter as reformas pró-mercado de Macron e causar um impasse político que prejudique os esforços de controle da dívida do país, que alcançou 110,6% do PIB em 2023.
A aliança da Nova Frente Popular propõe um programa econômico que inclui um aumento de 10% no salário dos servidores públicos, almoços escolares e transporte gratuito, além de um incremento de 10% nos subsídios para moradia.
Jan von Gerich, analista-chefe de mercado da Nordea, afirmou à Reuters que “o programa econômico da esquerda é muito mais problemático e a perspectiva para as finanças públicas francesas piora ainda mais com esses resultados”.