O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), conhecido como medidor oficial da inflação, registrou um aumento de 0,21% em junho.
O índice, divulgado na manhã desta quarta-feira (10) pelo IBGE (Istitulo Brasileiro de Geografia e Estatistica) de junho ficou abaixo das previsões do mercado financeiro, que antecipavam uma elevação de 0,32%. No acumulado, a expectativa era de um aumento de 4,34%.
De acordo com Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, apesar dos dados não representarem uma mudança nas projeções da taxa básica de juros, a Selic, é necessário criar uma alerta sobre os dados mais fracos.
“Esses números não sinalizam nenhuma baixa da Selic para esse ano, mas acaba se criando um clima, se os próximos dados vierem abaixo do esperado, de uma expectativa de diminuição da Selic para o ano de 2025″, disse.
Eyng analisou que o IPCA do mês de junho veio “bem comportado 0,21%, no ano 2,48%”, mas o que chama atenção é o acumulado nos últimos 12 meses que está em 4,23%.
O profissional destacou que havia uma preocupação de que o índice ultrapassasse o teto da meta do Banco Central, que é de 3% com margem de 1,5%, especialmente considerando a deflação de 0,08% em junho de 2023.
Segundo Eyng, embora exista uma expectativa de ficar acima do limite da meta, o índice se manteve em 4,23%, ainda que acima do centro da meta.
Ele observou que alimentos e bebidas aumentaram 0,44%, e saúde e cuidados pessoais subiram 0,54%, mas ressaltou que são itens de primeiro consumo que acabam não tendo efeito cascata nos próximos meses.
“O acumulado dos últimos 12 meses do IPCA de 4,23% não abre margem para o BC baixar a taxa Selic, mesmo que junho tenha vindo abaixo do esperado porque está bem acima do centro da meta que é 3%”, completou.
Alimentação puxa IPCA, mas menos que o esperado
Para José Alfaix, economista da Rio Bravo, a surpresa em relação ao IPCA de junho decorre das altas expectativas quanto à inflação dos alimentos, que ficaram abaixo das projeções, com destaque para tubérculos, raízes e vegetais, além de leites e derivados.
“Ao mesmo tempo, houve contribuição negativa de veículos usados e transportes públicos, que também puxaram o resultado para baixo”, afirmou o economista.
O destaque do resultado se dá pela retração do componente de serviços, que na análise ano contra ano, sai do patamar de 5,09% para 4,48% com o resultado de junho.
Alfaix explicou que “o resultado alivia a recente resiliência observada em serviços subjacentes e serviços intensivos em trabalho, que agora mostram alguma resposta ao aperto monetário.”
Com a inflação mostrando uma dinâmica mais comportada, aliada à retração do dólar ao patamar de 5,4 e otimismo em relação à desaceleração da atividade e do mercado de trabalho dos EUA, a curva de juros apresenta achatamento nesta manhã, reduzindo as preocupações com um próximo movimento de alta por parte do Banco Central.