Economia americana

Ataque a Trump gera incertezas e oportunidades no mercado, dizem especialistas

Três especialistas foram ouvidos pelo BP Money, para comentar os possíveis impactos econômicos que o ataque a Trump pode gerar no mercado

Ataque a Trump no último sábado
Donald Trump / Agência Brasil

O atentado contra o ex-presidente e candidato republicano Donald Trump abalou os EUA, suscitando não apenas preocupações políticas, mas também econômicas.

O evento crítico levanta questões significativas sobre a estabilidade do mercado financeiro e os potenciais desdobramentos legais e diplomáticos que podem surgir a partir dele.

O economista e professor de Relações Internacionais, Vladimir Feijó, destaca que o mercado de ações é extremamente volátil, especialmente em momentos de incerteza. 

Mercado de ações e estabilidade econômica

Feijó explica que, o mercado de ações é bastante volátil, e existem diferentes públicos, “aqueles que têm acesso à informação, sabem precificar e conseguem escolher o momento de entrar ou sair do mercado”. E esse mesmo público, sabe que existem pessoas com menos informações, que agem com emoção, vão viver uma flutuação, porque verão isso como um momento de instabilidade, disserta o economista. “É um fato novo, vão ficar na dúvida e, portanto, gera oportunidades”, completa.

Outros ativos, como ouro e títulos da dívida, não devem ser tão afetados pelo incidente. Feijó ressalta que a política interna dos EUA, marcada pelo bipartidarismo, tende a aumentar a animosidade e a possibilidade de atentados contra figuras políticas proeminentes.

 “A política interna dos EUA, com a forma como eles conduzem as eleições, que praticamente limitam a forma de funcionamento da política deles ao bipartidarismo, tende a esse jogo de animosidade, nós versus eles, o meu lado representa tudo certo e o outro tudo de errado, fazendo com que haja uma tensão muito grande e eventual frequência maior de atentados contra pessoas em exercício ou candidatos, se comparados com outros sistemas políticos.”

Expectativas: eleição de Trump

Celson Placido, CEO da Asset Management Warren (AMW), discute as possíveis políticas econômicas de um segundo mandato de Trump e seus impactos no mercado, principalmente após o ataque ao candidato que aconteceu no último sábado. 

“O que esperamos no segundo mandato do Trump em relação a juros, que ele vem falando de redução de impostos no mercado doméstico, para a indústria, para incentivar o consumo”, pontua Placido. 

Por outro lado, Placido explica que isso gera um maior, porque você reduz a parte de impostos, a taxação, gerando esse efeito. “Então obviamente, pode gerar inflação, se gera inflação, terá juros mais elevados por um período maior de tempo, um dólar mais alto também”, explica.

Placido também menciona o impacto das tarifas de importação planejadas por Trump. “Na promessa de Trump, eles falam em subir em média tarifas de importação de produtos para beneficiar a indústria local, para proteger, tem esse lado protecionista, 10% em média, mas para tarifas de importação de produtos chineses chegariam a 60%”. 

“Então, mais uma vez, gera um efeito maior de preços, uma elevação de preços, porque nós já vimos isso no Brasil e em outros lugares, acaba que quando tem um aumento de tarifa de importação o produtor doméstico leva para isso”.

Implicações legais e diplomáticas

Daniel Toledo, advogado especializado em Direito Internacional e fundador da Toledo e Associados, comenta sobre os impactos legais imediatos e os precedentes históricos, em relação ao ataque. “Nos EUA o impacto é evidente”. 

Toledo explica que os americanos estão solidários e cada vez mais preocupados com lunáticos radicais que tomam atitudes como estas. “A questão da segurança pública e segurança nacional já se tornou pauta para ambos os candidatos e sem dúvida Trump está muito mais fortalecido”, disse Toledo.

No cenário internacional, Toledo não vê grandes repercussões legais ou diplomáticas, uma vez que o ataque foi cometido por um cidadão americano contra outro. 

“Infelizmente o TPI (Tribunal Penal Internacional) tem papel apenas ‘moral’ nas decisões e não acredito que seja sequer competência do TPI neste caso. Trata-se de cidadão americano cometendo crime interno contra outro cidadão americano.” 

Toledo ainda compara o incidente ao assassinato de Kennedy, destacando que as mudanças legislativas desde então dificultam a aplicação de precedentes legais.