Após um primeiro semestre marcado pela fuga do capital estrangeiro, com o mês de junho registrando o pior déficit mensal desde 2018, parece que os ares estão mudando. Na última sexta-feira (13), a B3 fechou a décima alta consecutiva, com o retorno do capital estrangeiro ao Brasil.
Duas transações que fazem o otimismo persistir são as ofertas de ações bilionárias da Sabesp (SBSP3) e Eletrobras (ELET3). No primeiro caso, as reservas para compra alcançaram um valor próximo a R$ 120 bilhões, informou o jornal O Globo.
Em relação à Eletrobras (ELET3), o registro de oferta secundária de até 130 milhões de ações preferenciais da ISA Cteep (TRPL4) pode movimentar mais de R$ 3,5 bilhões.
De acordo com Jefferson Laatus, estrategista-chefe da Laatus, a movimentação é “muito positiva” e, com certeza, significa entrada de capital estrangeiro no país.
“É um movimento grande. A Sabesp deve fechar em cerca de R$ 30 bilhões o rateio, o que é bem positivo, e é claro que esse capital não é apenas local. Tanto que o governador de São Paulo fez um ‘road show’ nos EUA e Europa para atrair investidores”, disse Laatus.
O especialista explicou que tanto a Sabesp quanto a Eletrobras são “bem atrativas” para investidores. A companhia de saneamento básico por ser um segmento que já vem com um contrato de trabalho. “Ou seja, está garantida a clientela”, afirmou Jefferson.
“A Eletrobras, por sua vez, está cada vez mais se ajustando, ficando mais simplificada na movimentação. Além disso, o setor de energia só tende a crescer no país, então, acaba sendo atrativo, principalmente para os investidores que olham para lucro a longo prazo”, pontuou Laatus.
Expectativas para o capital estrangeiro no 2S24
Apesar da animação do mercado em relação às ofertas bilionários da Sabesp e Eletrobras, as expectativas em relação ao retorno do capital estrangeiro no segundo semestre, no geral, não são as melhores, avaliou Bruno Corano, economista e investidor da Corano Capital.
“A expectativa ainda não é boa, porque o juros norte-americanos, pelo menos por hora, ainda não vai cair e o câmbio vai continuar pressionado por aqui. Há quem possa pensar que isso é bom, porque os dólares comprar muita coisa, mas se a desvalorização segue depois que a moeda entra, você passa a ter perdas”, diz Corano.
Para Jefferson Laatus, a “amenização nos ataques” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao BC (Banco Central) e o anúncio de contigenciamento de R$ 25 bilhões são fatores “positivos”.