O termo hedge, na tradução livre, quer dizer cobertura ou limite. É um instrumento para assegurar os valores de determinados ativos para a aquisição ou venda futura. Com isso, os riscos oferecidos pela oscilação do mercado são reduzidos.
“As posições de hedge são reflexo dos tipos de proteção que o mercado demanda em um determinado momento. Um derivativo é sempre relacionado ao ativo subjacente que lhe deu origem: posição de juros futura são oriundas do mercado de juros ‘à vista’; curva de dólar futuro, baseada no preço do dólar ‘spot’ e assim sucessivamente”, explicou Geraldo Rinaldi, sócio da Crowe Macro Brasil.
Em complemento, Bruno Corano, economista e investidor da Corano Capital, exemplificou: “Se sua carteira é de títulos pré-fixados, seu risco é o juro subir. Então, o investidor fica comprando em juros futuros para se proteger caso o juro suba”.
Nesse sentido, como explicaram os especialistas, as empresas conseguem garantir a fixação dos valores que pretendem pagar ou receber em uma operação específica. Assim, vale destacar que o objetivo das posições de hedge não é o lucro, mas o controle (reduzir ou eliminar) de um possível prejuízo.
A prática, segundo a XP, surgiu no século XX como uma forma de fixar os valores das commodities, limitando os riscos que os produtores rurais sofriam. Quando surgiu, a operação era chamada de “cerca e limite”.
Além disso, as operações de hedge são regulamentadas pela CMN (Conselho Monetário Nacional) e só podem ser aplicadas em situações que realmente protejam o negócio da companhia.
Dessa forma, investidores não podem utilizar essa estratégia para fins especulativos — “apostas” com o objetivo de obter lucros muito maiores do que a média.
Como funciona a operação
Teoricamente, uma estratégia de hedge pode ter dois formatos principais. O primeiro trata de “travar” o preço de um ativo para negociações em um momento futuro, usando derivativos, como opções ou contratos futuros.
Por exemplo, se o investidor tem uma determinada ação na carteira, pode utilizar opções para assegurar a “trava”. As opções respondem a acordos de compra e venda de ações por um valor definido em uma data estabelecida.
Já outro formato de hedge ocorre quando o investidor se posiciona em ativos que historicamente têm desempenhos opostos no mercado.
Também como exemplo, o Ibovespa (principal índice da B3) possui um desempenho contrário ao do dólar, conforme apontado pelo “InfoMoney”. Com isso, quando a divisa norte-americana valoriza, é comum que o índice tenda a cair e vice-versa.
Dessa forma, quem investe em ações de forma coordenada com uma aplicação vinculada ao dólar pode reduzir os prejuízos de uma possível queda do mercado.
O que é hedge natural?
Mesmo que comumente chamado de hedge, a proteção contra perdas pode ocorrer de diferentes formas, dentre elas está o hedge natural.
É conhecido como hedge natural a combinação de fatores contra variação de preços “naturalmente”, sem uma articulação específica para que isso ocorra.
Como exemplo, as receitas das empresas exportadoras são em dólar, e muitas vezes parte dos seus custos também pode ser. Assim, elas vendem seus produtos no exterior e recebem em dólar, da mesma forma que parte dos seus custos operacionais também são em dólar.
Quando o dólar tem alta, os custos das exportadoras aumentam, o que não é benéfico. Por outro lado, nessa situação, suas receitas são beneficiadas, o que pode cobrir as perdas. Por isso o termo “hedge natural”.
Diferença entre hedge e swap
O swap, ou seja, “troca”, é uma modalidade de contrato de hedge. Assim, o hedge pode ser realizado de diversas formas e uma delas é por meio do swap.
Os contratos de swap devem ser elaborados entre as partes, em que será negociada a rentabilidade de ativos e discutida a variação de cada indexador. O BC (Banco Central) usa a modalidade para se proteger da variação do dólar. O BC reportou um resultado negativo de R$ 28,608 bilhões com sua posição em swap cambial em junho, pelo critério caixa.
A autarquia sempre reitera que a operação não tem o objetivo de lucrar, mas de fornecer um controle ao mercado em termos de volatilidade e manter um “colchão de liquidez” para os períodos de crise no mercado doméstico.
Como funciona o hedge para se proteger da variação cambial
O hedge cambial é o uso do dólar como estratégia de proteção para outros ativos ou operações.
Existem diversas formas de realizar esse tipo de hedge, das mais simples às que demandam mais estratégia. Um exemplo muito comum é uma empresa com dívidas em moeda estrangeira que, para se proteger da variação da cotação, adquire contratos futuros da moeda norte-americana.
Além disso, recentemente, empresas buscaram posições de hedge para se proteger da alta do dólar. Com isso, muitas companhias buscaram instituições financeiras para montar posições. Algumas das posições são difíceis de monitorar, pois são realizadas dentro de instituições financeiras e não no “mercado aberto”.