O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, antecipou, na última quinta-feira (18), um congelamento de R$ 15 bilhões no Orçamento de 2024 para o cumprimento do arcabouço fiscal.
Do montante, R$ 11,2 bilhões serão bloqueados e R$ 3,8 bilhões, contingenciados. Ambas as alternativas representam cortes temporários.
O anunciado gerou boas reaçoes no mercado, mas especialistas ouvidos pelo BP Money sinalizaram que a medida ainda é insuficiente para atingir a meta de déficit zero.
“Me pergunto se isso será suficiente para cumprir o arcabouço fiscal. Esse congelamento é um bom começo, mas por si só pode não resolver nossos problemas fiscais”, afirmou André Sandri, sócio da AVG Capital e fundador do EDUCA$.
De acordo com Jefferson Laatus, chefe-estrategista do grupo Laatus, embora o anúncio de congelamento de R$ 15 bilhões “seja positivo”, a expectativa do mercado era de um corte de R$ 25 bilhões.
“A declaração de Haddad trouxe algum alívio temporário, com uma leve recuperação da bolsa e uma pequena queda do dólar, mas o mercado permanece tenso. O governo precisará melhorar significativamente sua comunicação para convencer o mercado de que está fazendo o máximo possível dentro das limitações atuais”, pontuou Laatus.
O especialista chamou atenção ainda para a necessidade de detalhamento sobre de onde virão esses cortes e como serão implementados, a fim de evitar que a pressão sobre o mercado suba. Segundo o ministro da Fazenda, os detalhes sobre o congelamento serão fornecidos ainda nesta segunda-feira (22).
Para além do congelamento de R$ 15 bi: o que o mercado espera?
Na avaliação de Sandri, o governo precisa bater o martelo em outras medidas para passar confiança do cumprimento do arcabouço fiscal. Dentre elas, o especialista destacou a reforma tributária, corte de “gastos ineficientes” e revisão de programas “que não estão trazendo o retorno esperado”.
“Precisamos de um plano real, não apenas discurso, que estimule o crescimento econômico. Sem crescimento, qualquer ajuste fiscal será temporário. Investimentos em infraestrutura e inovação são fundamentais para aumentar a arrecadação e estabilizar as finanças a longo prazo”, disse André.
Para acalmar o mercado, o sócio da AVG Capital disse ainda que o governo precisa “ser transparente e consistente em suas ações”.
“Mostrar que há um plano sólido e de longo prazo. Ajuste fiscal, reformas e incentivo ao crescimento são a fórmula para equilibrar nossas contas e garantir um futuro mais estável”, completou o especialista.