Clientes fiéis ou de primeira viagem que passam para comprar ou conhecer uma das lojas da Starbucks no Brasil percebem que a rede de cafeteria vai de mal a pior, apesar de não saber do contexto de desintegração que a holding da cafeteria norte-americana mais famosa do mundo se encontra.
Com prateleiras semi vazias e cardápios cada vez mais limitados, os clientes já aceitaram o fato de que ir tomar um café na Starbucks pode significar escolher entre duas ou três opções de “mocha”.
A crise, se um dia foi discreta, hoje é notória ao público. Os clientes puderam assistir o encerramento de 43 lojas das 187 Starbucks espalhadas pelo Brasil. Essa informação pode ser verificada no mapa de unidades disponíveis online, que atualmente mostra 144 operações ativas.
No cenário nacional, a companhia é reflexo de um intrincado novelo de dívidas e recuperação judicial, que envolve tanto a marca como a SouthRock,a então operadora da marca no Brasil que, em julho deste ano, passou para Zamp (ZAMP3).
Para o economista e investidor da Corano Capital, Bruno Corano, a companhia foi uma das empresas na onda das companhias que buscam o “remédio judicial”, causadas pela economia macroeconômica.
“É uma combinação de fatores, mas, notoriamente, o aumento dos juros fez com que o acesso ao capital e ao financiamento se tornasse muito mais caro. Qualquer empresa que já tivesse algum grau de endividamento passou a gastar mais para financiar suas dívidas”, disse.
A avaliação do profissional conversa com a nota da empresa, onde afirmou que a crise econômica no Brasil foi desencadeada pela pandemia, juntamente com a inflação e as taxas de juros persistentemente altas, intensificaram as dificuldades enfrentadas pelo negócio.
Crise avança fronteiras
No entanto, expandindo para o mercado internacional, a marca de cafeteria também demonstrou um certo recuo operacional.
O balanço da Starbucks registrou um lucro líquido de US$ 1,05 bilhão no terceiro trimestre fiscal, encerrado em junho, marcando uma redução de 7,9% em comparação ao ano anterior.
O lucro diluído por ação caiu de US$ 0,99 para US$ 0,93, alinhando-se com as expectativas do mercado americano.
Já o lucro operacional foi de US$ 1,52 bilhão, uma diminuição de 3,8% em termos anuais, enquanto as receitas recuaram 0,6% no mesmo período, totalizando US$ 9,11 bilhões. A expectativa dos analistas era que a receita alcançaria US$ 9,25 bilhões.
Uma análise de João Branco, economista e colaborador da página ‘Novo Investidor’, reforçou que a empresa apresenta um capital próprio negativo nos últimos 5 anos da análise, “mantendo-se até ligeiramente decrescente”.
“Assim, a empresa tem um património líquido negativo, ou seja, não é conservadora e poderá ter dificuldades em realizar investimentos futuros, isto obviamente é um ponto muito negativo para a empresa e irá afetar toda a análise, daqui para a frente”, afirmou.
Starbucks busca por ‘catalisador cafeinado’
Na análise do economista de James Rogers, publicada no Tradingview, a rede de cafés luta contra a fraqueza contínua do consumidor.
De acordo com o especialista, os resultados do terceiro trimestre da Starbucks, deixam os investidores na busca por sinais de estabilidade nas tendências de negócios, “enquanto a rede de cafeterias luta contra a fraqueza contínua do consumidor”.
“A empresa registrou outro trimestre de queda nas vendas e menos compras quando relatou os resultados fiscais do terceiro trimestre na terça-feira à noite, com as vendas globais comparáveis em lojas caindo 3%”, avaliou o profissional.