O setor financeiro, como todos os outros, construiu seu próprio mundo e estrutura que funciona com um “ABC” único. Termos como dividendos e valuation, ou outros mais simples como renda fixa e renda variável, são parte do cotidiano de quem está inserido no ramo, mas exclui aqueles que não têm acesso. É esse cenário que o empresário AD Junior deseja mudar com o projeto Super Finanças.
Influenciadores que produzem conteúdo sobre o tema economia, não faltam no mercado, mas o intuito do executivo é construir uma estrutura mais funcional e especializada.
O Super Finanças, um projeto que engloba um canal de streaming 24h, um site notícias e um podcast, para lançar trabalhos feitos por economistas, especialistas em finanças e jornalistas, todos focados em explicar o mundo financeiro para o público mais leigo.
“Meu foco é gerenciar o projeto e fazê-lo progredir. Temos um planejamento para os próximos três anos que, até agora, está indo muito bem”, afirmou AD Junior, empresário e comunicador, reconhecido como uma das 100 pessoas de ascendência africana mais influentes do mundo pelo MIPAD (sigla para a nomenclatura).
A ideia do Super Finanças é mostrar à população geral a influência do universo dos investimentos e finanças sobre suas vidas. O projeto nasceu após 1 ano de pesquisas da equipe para montar um plano de negócios.
“Queremos mostrar que a economia pode ser discutida por todas as pessoas. Todos nós somos parte integrante de uma sociedade. A gente produz e a gente não discute o que a gente produz, isso precisa mudar”, frisou o comunicador.
Confira na íntegra a entrevista com o idealizador e administrador do Super Finanças:
Como surgiu a ideia de criar um projeto para falar sobre economia e mercado com o público geral?
Começou há mais de 10 anos, quando eu criei uma página chamada “Super Fortunas”, em que eu explicava sobre dinheiro – muito baseado num site chamado “Celebrity Net Worth”. Era muito legal ver a comparação entre a pessoa que tem X milhões em casa, X milhões em carro, etc.
Foi aí que percebi que a maioria das pessoas não entendia de fato quanto custava uma turnê, quanto dessa turnê saía financeiramente para o cantor e quanto disso era para a produção, para assessoria, do contratante… Isso deu muito certo lá atrás e eu acabei indo para outros lugares na comunicação, mas esse desejo sempre esteve comigo.
Nos últimos tempos, tive muita vontade de falar sobre isso, principalmente por ver pessoas próximas a mim que tiveram uma ascensão nos últimos 20 anos. Milhares de pessoas entraram nas universidades e mudaram de vida, mas tinham dificuldade de falar sobre dinheiro e de se expressar.
Quais são suas pretensões com o Super Finanças? Quais patamares espera alcançar em audiência e negócios, pensando em parcerias e lucratividade?
As nossas pretensões com o Super Finanças envolvem fazer com que ele seja a primeira escolha das pessoas na hora de assistir um conteúdo voltado à economia do dia a dia.
O que essa notícia sobre finanças significa pra mim, sabe? Atingir uma pessoa que mora na periferia ou quem não mora lá. Pessoas que estão no mercado financeiro e pensam: “poxa, deixa eu ouvir outro tipo de abordagem sobre isso”. Queremos ter essa tela presente, em português, produzida por uma empresa brasileira, com pessoas diversas.
Essa é a primeira pretensão: simplificar, mas não deixar de trazer os principais pontos do que é a economia para as pessoas. Os patamares que a gente quer atingir em negócios envolvem uma audiência robusta.
Nós queremos estar na Smart TV, principalmente nos principais players de lá. Temos conversado com muitas pessoas interessadas. Gente que, por conhecer o nosso trabalho de entrega, entende que aqui tem um negócio focado. Não é um sonho, é um projeto sendo realizado. E falando em lucratividade, obviamente, nós estamos com parceiros que desejam entrar trazendo mídia e algumas conversas com potenciais patrocinadores também.
O que seria explicar o “economês”? O que o senhor pensa que falta para que as pessoas entendam melhor sobre economia e como ela afeta suas rotinas?
‘Economês’ é uma linguagem que as pessoas ouvem todos os dias. É quando a gente liga no jornal e eles começam a falar de uma maneira completamente automática sobre dinheiro, como se todo mundo ali já soubesse o que está sendo dito. Mas, na verdade, a maioria das pessoas não tem a mínima noção do que está ouvindo.
Muitas pessoas não sabem o que é o IPCA, não sabem o que é o FMI, o que é o PIB. O Instituto Ipsos diz que o brasileiro é um dos povos que menos tem noção sobre a realidade do mundo ao seu redor.
A gente deseja fazer com que o ‘economês’ possa ser parte integral da forma de falar do brasileiro, para que ele se sinta inserido. Quando se fala de economia, muitas vezes na TV, se fala de uma forma que não insere uma pessoa como o meu pai ou minha mãe. Parece que a economia só acontece quando você é da classe média e começa a ganhar um certo tipo de dinheiro.
O desconhecimento sobre o mundo dos investimentos é o que torna as pessoas mais suscetíveis a golpes que prometem muitos retornos. Na sua visão, de que forma esse cenário poderia melhorar?
O brasileiro foi colocado como alvo de compra, ou seja, ele é só o que compra e não o que entende. Por isso, hoje existem casos de pessoas que penhoraram o próprio celular para conseguir empréstimos e estão tendo seus celulares bloqueados pelas empresas. É um empréstimo com garantia no telefone.
Isso tudo é uma conversa que a gente precisa ter. Que país é esse que faz o outro de bobo? Que pessoas são essas que sabem que estão fazendo outras, principalmente as mais humildes de bobas?
Lembrando que falar de comunicação em várias vertentes é um negócio. Aqui não estamos basicamente ‘militando’, estamos comunicando sobre um país que se tornou a oitava maior economia do mundo, mas que a maioria das pessoas nem mesmo entende o que isso significa na vida delas.
Ainda nesse quesito, os influenciadores digitais também exercem um papel muito importante para alertar ou incentivar as pessoas a investirem. Como o senhor enxerga o nível de responsabilização atual desses profissionais?
Existe uma grande gama de influenciadores que falam sobre dinheiro de forma muito responsável. Eu posso citar o Gil do Vigor e a Nath Finanças, que são pessoas que vêm de um outro lugar. Elas vêm de um lugar onde entendem que falar de finanças é benéfico não só para elas, mas para todo mundo ao seu redor. Acredito que os influenciadores que fazem com responsabilidade têm um lugar muito importante na quebra de paradigmas e de estereótipos sobre dinheiro, investimentos e finanças.
Porém, esses sucessos que vemos de pessoas que talvez não tenham esse objetivo, infelizmente, também fazem parte dessa história. Obviamente, existem influenciadores que não têm o objetivo de trazer educação financeira para todos e sim lucrar com a ignorância de nossa gente.
No Super Finanças, queremos contar a história de quem realmente tem compromisso com o nosso país e com pessoas que se parecem com a gente. Nesse sentido, temos bons exemplos para compartilhar. Vamos apresentar histórias que possam impactar a vida de todos a longo prazo.
Para o senhor, deveria haver alguma forma de regularização dessas atuações, principalmente olhando para os influenciadores do setor econômico e de investimentos?
Sim. Mas, acima de tudo, as pessoas precisam ter mais oportunidades de encontrar plataformas sérias e responsáveis sobre investimentos e finanças. É importante destacar pessoas que têm como objetivo falar sobre esses temas de forma responsável. Não fico pensando naqueles que não estão sendo sérios; penso nas alternativas que temos daqui para frente para comunicar sobre finanças de forma justa.
Quais são as expectativas para o futuro do Super Finanças?
Nós temos uma equipe muito engajada, séria, e que trabalha todo dia para fazer esse negócio acontecer. Estamos incrivelmente felizes neste lugar! As expectativas são de que no próximo ano a gente possa ter Summits, participar de coberturas de grandes eventos, e principalmente, entrar no ar e contar boas histórias.
Tenho certeza de que esse trabalho vai render frutos e que vamos deixar uma oportunidade nesse novo segmento que surge. Assim como foram os canais de esportes e igrejas que entraram nos anos 90, acreditamos que esses canais que entrarão na TV Conectada, alguns deles dedicados a finanças, serão tendências.
Há alguns anos pesquisamos e acompanhamos essa tendência, portanto, percebemos que vamos participar de um movimento muito bacana para conversar sobre dinheiro de forma bonita, responsável, simples, fácil, acessível, mas que, ao mesmo tempo, traga impactos diretos na vida de quem assiste o nosso conteúdo ou de quem lê o nosso portal.