Na semana passada, dados da consultoria Carta caíram como uma bomba no mercado de startups dos EUA: os pedidos de falência cresceram 60% em 2023, colocando em jogo milhões de empregos no país.
O problema, no entanto, está longe de impactar apenas as empresas locais, já que os riscos para a economia como um todo são grandes. Especialistas ouvidos pelo BP Money afirmaram, inclusive, que o cenário atual no país norte-americano pode afetar significamente o ecossistema de startups no Brasil.
Segundo Matheus Martins, advogado especialista em Startups, o aumento de falências pode reduzir a confiança dos investidores, especialmente fundos internacionais, diminuindo o fluxo de capital para as startups brasileiras.
E não para por aí. A especialista em startups e IA para negócios Victoria Luz disse ainda que o cenário norte-americano pode intensificar a “competição por talentos”, com profissionais qualificados buscando oportunidades nos EUA.
“Consequentemente, as startups brasileiras podem ser forçadas a adotar estratégias de crescimento mais conservadoras, focando na rentabilidade em vez de expansão rápida”, destacou Luz.
Aumento das taxas de juros e o que está por vir
No cenário interno, o mercado também enfrenta desafios políticos e econômicos, o que levou a uma redução de 56,8% nos inventimentos em 2023, quando comparado ao ano de 2022.
A possibilidade de aumento nas taxas de juros, sinalizada na última ata do Copom e reforçadas por dirigentes do BC, pode colocar mais lenha na fogueira.
“O aumento das taxas de juros no Brasil pode dificultar ainda mais o cenário para startups, tornando o crédito mais caro e o custo de captação de recursos mais elevado”, pontuou Matheus Martins.
Além disso, o advogado especialista em startups destacou que juros mais altos afetam diretamente o fluxo de caixa das empresas, já que as despesas financeiras aumentam e pressionam ainda mais o equilíbrio financeiro.
Luz acrescenta ainda que a elevação da Selic pode influenciar o comportamento de investidores.
“Investidores podem se tornar mais conservadores, preferindo investimentos de renda fixa com retornos mais previsíveis. Consequentemente, as startups podem enfrentar maior escrutínio e pressão para demonstrar viabilidade financeira e potencial de lucro a curto prazo”, disse a especialista.
Apesar da possibilidade real de alta de juros, a expectativa é de que as startups brasileiras continuem se adaptando. “Há uma expectativa de que setores como fintech, healthtech e edtech mantenham seu crescimento, impulsionados pela crescente digitalização da economia brasileira”, afirmou Victoria.
Startups de inteligência artificial estão à frente do jogo
Embora inseridas em uma conjuntura de crise, as startups do segmento de IA (inteligência artifical) se destacam e veem espaço para crescimento em meio à demanda crescente por tecnologia.
Victoria chamou atenção para a atratividade do segmento para investidores e clientes corporativos, devido ao potencial de escalabilidade e os altos retornos associados a tecnologias de IA.
“Porém, é importante notar que o sucesso nesse segmento não é garantido. As startups de IA bem-sucedidas são aquelas que não apenas desenvolvem tecnologia avançada, mas também demonstram casos de uso claros, abordam problemas reais de negócios e têm estratégias sólidas de monetização”, completou a especialista em startups e IA para negócios.