O economista que já ganhou o Prêmio Nobel, Joseph Stiglitz, defende que o Federal Reserve (Fed) deveria reduzir a taxa de juros em meio ponto percentual na próxima reunião, agendada para 18 de setembro. Segundo Stiglitz, o Fed foi “longe demais, rápido demais”, ao apertar a política monetária, o que acabou exacerbando o problema da inflação.
Os comentários de Stiglitz foram feitos antes da divulgação dos dados de emprego dos EUA, conhecidos como payroll, nesta sexta-feira (6).
Os investidores estão acompanhando atentamente o relatório sobre o número de vagas no setor não agrícola de agosto para obter indicações sobre a magnitude do esperado corte na taxa de juros que pode ocorrer ainda este mês.
As previsões geralmente indicam que a decisão mais provável do Federal Reserve durante a reunião de 17 a 18 de setembro é um corte de 25 pontos-base na taxa de juros.
Apostas de uma redução acentuada
No entanto, nas últimas semanas, aumentaram as apostas de que o Fed poderia optar por uma redução mais acentuada, de 50 pontos-base. Um ponto-base equivale a 0,01 ponto percentual.
Stiglitz, laureado com o Prêmio Nobel em 2001 por sua análise de mercado, alinha-se a economistas como o chefe de economia dos EUA do JPMorgan, que também advogam por um corte mais significativo na taxa de juros neste mês.
“Tenho criticado o Fed por ir longe demais, rápido demais”, disse Stiglitz à CNBCnesta sexta.
Stiglitz ressaltou que era “fundamental” para o Fed ter normalizado as taxas de juros. Ele afirmou que foi um erro do banco central dos EUA manter a taxa básica de empréstimo próxima de zero por um período prolongado desde 2008.
“Mas então eles foram além disso para onde as taxas de juros estavam, e eu pensei que isso colocou a economia em risco por muito pouco benefício, provavelmente piorando a inflação, ironicamente, porque se você olhasse mais cuidadosamente para as fontes da inflação, um grande componente era a habitação”, disse Stiglitz.
Fed: mercado vê maior chance de corte mais profundo nos juros
O mercado reforçou nesta terça-feira (3) a expectativa de que o Federal Reserve (Fed), Banco Central dos EUA, abra o ciclo de relaxamento monetário com um corte de 50 pbs (pontos base) nos juros na próxima reunião, em 18 de setembro, após a divulgação de dados do setor industrial e de construção nos EUA mais fracos que o esperado. As apostas da maior parte dos analistas, por outro lado, seguem para um corte de 25 pbs até o momento.
A probabilidade de redução de 50 pbs passou de 30% na segunda-feira (2) para 39% no final desta manhã, conforme apontou a ferramenta FedWatch, da plataforma do CME Group, que monitora a curva futura de juros.
A hipótese de alívio de 25 pbs recuou de 70% para 61%. A taxa básica de juros norte-americana está na faixa entre 5,25% e 5,50%.
Para o final de 2024, o cenário mais provável segue sendo o de uma baixa acumulada de 100 bps (44,1%), mas houve uma contração na precificação por um corte mais pronunciado, de 125 bps (26,8%). Na véspera, a ferramenta atribuía 44,8% de chance de corte de 100 bps e 21,8% de relaxamento mais profundo, como apontou o “InfoMoney”.