A projeção da Selic (taxa básica de juros) para o curto prazo foi revisada pelo BofA (Bank of America), que agora espera uma alta de 0,25 ponto percentual (p.p.) já na próxima semana.
Além desse avanço, o BofA também estima que o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central), realize novos incrementos à Selic nas reuniões de novembro e dezembro, em 0,5 p.p. em ambas, seguida de uma elevação de 0,25 p.p em janeiro, o que levaria a Selic para 12% em 2025.
Para a equipe do banco, comandada pelo chefe de economia para Brasil e de estratégia para América Latina do BofA, David Beker, há quatro razões que sustentam a expectativa atual de elevação da taxa de juros no Brasil.
“As expectativas de inflação não diminuíram nas últimas semanas; o real permaneceu acima de R$ 5,50 por dólar; o crescimento surpreendeu positivamente (mesmo em comparação com nossas previsões, que têm sido mais altas do que o consenso); e a curva de juros local está precificando totalmente uma alta de juros para a próxima reunião do Copom”,disseram os profissionais do BofA, de acordo com o “Valor”.
O ciclo de aperto deve ajudar a ancorar novamente as expectativas de inflação e reforçar a credibilidade do BC, analisou o BofA.
Outro ponto destacado pelos analistas David Beker, Natacha Perez e Gustavo Mendes, foi o desempenho da atividade econômica brasileira, que segue surpreendendo, em meio a um mercado de trabalho forte, aceleração do crédito e demanda interna robusta.
“A política fiscal também ajudou a atividade. Acreditamos que as taxas de juros locais acima do nível neutro, combinadas com um menor impulso fiscal, levarão a uma desaceleração da atividade econômica. Vemos riscos de alta para nossa previsão de crescimento de 2,7% este ano e riscos de baixa para nossa previsão de 2,5% no próximo ano. Ainda esperamos uma inflação de 3,9% este ano (supondo que a bandeira da eletricidade volte a ser verde em dezembro) e de 3,6% no próximo ano”, estimam.
Porém, considerando às expectativas de inicio do ciclo de cortes na taxa de juros dos EUA e outros países deenvolvidos, há riscos em direção a menos elevações de juros no Brasil, segundo o banco.
“Como se espera que o Federal Reserve e outros bancos centrais reduzam as taxas de juros, há um risco de menos altas na Selic. Mantemos a opinião de que as taxas de juros no Brasil já estão acima do nível neutro”, afirmou a equipe do BofA.
A Casa espera que o ciclo de aperto monetário seja findado em janeiro de 2025, após isso, o BC deve manter a Selic parada em 12% por quatro reuniões consecutivas, e iniciar cortes nas taxas a partir de setembro do ano que vem.
“Esperamos que a Selic termine 2025 em 10,75% (acima dos 9% projetados anteriormente) e 2026 em 9%, sem alterações em relação ao nosso call anterior”, finalizou o BofA.
BofA: nova carteira segue com compra no Brasil, mas corta Vale (VALE3)
O BofA (Bank Of America) seguiram com a exposição de compra para o Brasil, em sua carteira da América Latina, mas cortando exposição em Vale (VALE3).
Para os estrategistas da Casa, o rali do Ibovespa está “à espera”, por conta das taxas de longo prazo aumentaram.
Apesar do Ibovespa ter marcado pontuações recordes no ínicio de agosto, se recuperando das perdas anteriores, nas últimas 3 semanas, as taxas do Brasil em dez anos avançaram cerca de 70 pontos-base.
“No futuro, achamos que o Brasil pode ser um beneficiário de taxas globais mais baixas”, avaliou o BofA.
O BofA ressaltou que sua a posição de compra no Brasil é por “gostar de bancos”, nomes ligados a taxa de juros e cosntrutivos sobre a força do consumo, de acordo com o “InfoMoney”.