A Odebrecht Engenharia e Construção (OEC), braço de construção civil da holding Novonor (antiga Odebrecht), protocolou o plano de recuperação judicial na noite de segunda-feira (9). O pedido de RJ foi feito no dia 27 de junho, com dívida estimada em US$ 4,6 bilhões.
O plano prevê a formação de uma nova empresa de engenharia, que poderá atrair um novo sócio, e define que as dívidas do grupo serão pagas por um novo financiamento, a ser firmado no âmbito da reestruturação.
A aprovação pelos credores ocorrerá em assembleia. O prazo máximo para a convocação é de 150 dias, mas o objetivo é antecipar a votação ao máximo.
“Vamos tentar fazer no prazo mais curto possível. Como é um processo feito com apoio relevante de credores, estamos confiantes no tema. Gostaria de fazer [a assembleia] no prazo mínimo”, afirmou Lucas Cive, diretor financeiro da OEC ao Valor Econômico.
Veja detalhes do plano de RJ da Odebrecht Engenharia
O plano prevê uma redução expressiva dos créditos: para a quitação dos “bonds”, a empresa não considera o montante dos US$ 4 bilhões, mas sim o valor de mercado desses títulos — que um mês antes de a recuperação judicial ser protocolada era de US$ 130 milhões no total.
Em cima deste valor, a proposta de pagamento prevê ainda um novo corte: para os credores que aderirem ao novo financiamento que será dado à OEC, o desconto será de 41,7% — ou seja, receberão 58,3% do valor dos bônus. Já os credores que não aderirem ao novo financiamento terão um corte maior, de 81,6%, recebendo 18,4%.
Os recursos para o pagamento virão justamente desse novo financiamento, que ficará entre US$ 120 milhões e US$ 150 milhões, a depender da adesão dos credores.
O BTG, que é o principal credor, será também o âncora no novo empréstimo, que será feito na modalidade “debtor-in-possession” (DIP), que garante prioridade absoluta no pagamento dentro da recuperação judicial. O banco garantiu US$ 120 milhões dos recursos, e o montante pode subir caso outros credores aceitem entrar no empréstimo — o que também garante um corte menor no recebimento das dívidas.
Essa nova dívida tem vencimento de 48 meses — com 50% da amortização 36 meses após o desembolso e os demais 50% 48 meses após o desembolso — e será remunerada a 18% ao ano.
A garantia do empréstimo inclui ações da nova unidade de engenharia que será formada. Além disso, serão dados em garantia uma série de valores que a construtora tem a receber, como os recebíveis dos projetos em curso, ações judiciais (cerca de US$ 200 milhões), terrenos (US$ 65 milhões) e investimentos.
Dos US$ 150 milhões do financiamento DIP, entre US$ 50 milhões e US$ 76 milhões serão destinados ao pagamento dos credores quirografários do mercado de capitais, ou seja, os detentores dos bônus. Cerca de outros US$ 50 milhões deverão fortalecer o fluxo de caixa da construtora.
Quanto à formação de uma nova empresa de engenharia, o plano fala na possibilidade de venda parcial ou total da unidade, mas, segundo o diretor financeiro do grupo, a ideia é vender uma fatia minoritária.
“Passada a reestruturação do balanço, é natural que se busque parcerias estratégicas para o negócio”, disse Cive ao Valor. O objetivo seria atrair um parceiro estratégico, segundo ele. “Algum parceiro que se valha da nossa experiência e possa aportar dentro da sociedade não só capital, mas visão estratégica e complementaridades.”