Wilian Andrade (ex-BTG) e Dyego Galdino (ex-MAG), na contramão de outras assets, que tentam se proteger do risco de fechamento ou fusões, criaram um negócio “monoativo”. A Kaya Asset Management, recebeu a licença da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para atuar como gestora de recursos, com foco nos investimentos alternativos em special situations.
A gestora já está captando, como primeira estratégia, um fundo de R$ 100 milhões, focado em ativos ilíquidos, de acordo com o “NeoFeed”. O prazo do fundo será de quatro a seis anos com uma taxa interna de retorno (TIR) projetada de 25% ao ano.
“Esse mercado no exterior é gigantesco, mas aqui estamos só no começo. Há um potencial grande de explorar esse enorme mercado de dívida que é o brasileiro”, afirmou Galdino, CEO da Kaya, segundo o veículo.
“Iremos ver cada vez mais estratégias focadas aparecendo e queremos fazer parte desse crescimento”, prosseguiu.
A pretensão da gestora do ex-BTG e do ex-Mag, após esse primeiro fundo ilíquido, é lançar uma estratégia de crédito high grade, considerando a sinergia com a procura e análise de empresas estressadas. O intuito pe captar, até o fim deste ano, cerca de R$ 500 milhões para investimentos em special situations.
Os investidores institucionais, como fundos de pensaão e gestoras de ativos, foram definidos como o público-alvo da Kaya, bem como as gestoras de patrimônio – a exemplo das multi family offices – e também investidores qualificados (com mais de R$ 1 milhão em liquidez) no geral.
A gestora tem planos de aproveitar o relacionamento dos fundadores na região Nordeste (ambos são de Recife) e também no Centro-Oeste, criando, dessa forma, ativos diferenciados e fora do radar do mercado financeiro, que segue concentrado no eixo Rio-São Paulo.
Ex-BTG e ex-MAG veem oportunidades com economia brasileira deteriorada
A gestora do ex-BTG e do ex-MAG tem 3 estratégias para identificar bons ativos e gerar retorno aos investidores.
- Legal claims – Esses créditos judicializados devem ser responsáveis por cerca de 50% da estratégia. Além dos litígios de empresas, a atuação também mira os precatórios (requisições de pagamento expedidas pelo Judiciário para cobrar de municípios, estados ou da União, assim como de autarquias e fundações, valores devidos após condenação judicial definitiva);
“Há muitas oportunidades em litígios de empresas privadas, mas vemos principalmente um mar de oportunidades em precatórios pulverizados, que é menos explorado por outras gestoras”, diz Galdino.
2. Corporate single names ou corporate solutions – Essa estratégia procura créditos vencidos e não pagos de alta complexidade, com ou sem garantias, contra grandes empresas públicas ou privadas;
3. Distressed real estate – área que atua com imóveis não concluídos ou em leilão judicial.
“Essa é uma indústria que tem ganhado espaço, mas que ao mesmo tempo está só no começo”, afirmou Andrade, que além de fundador também será o CIO da Kaya.
“Hoje, existem cerca de R$ 13 bilhões nessa estratégia nas gestoras brasileiras, mas esse é um mercado multibilionário. Somente o mercado de precatórios é de R$ 50 bilhões”, comentou.
Andrade acredita que o momento é propício para comprar ativos e captar investidores, visto que a deterioração da economia brasileira tem levado ao aumento dos pedidos de recuperação judicial e há ainda mais oportunidades no universo de crédito estressado.