Juros

Selic: cenário é de expectativa de 'descolamento da inflação', diz analista

"O conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado dinamismo maior do que o esperado", disse Copom

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Selic/Foto:Freepik

Como esperado pela maior parte do mercado, o BC (Banco Central) elevou a Selic (taxa básica de juros) em 0,25%. Segundo o mestre em economia Alexandre Dellamura, as “expectativas de descolamento da inflação da meta, o crescimento do déficit público e o real ainda depreciado foram decisivas para a elevação da taxa”.

O aumento da Selic ocorre em um momento em que a economia brasileira apresenta maior aquecimento do que o esperado, o que, segundo analistas, eleva a expectativa de aumento dos preços.

“O conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado dinamismo maior do que o esperado. A inflação medida pelo IPCA cheia, assim como as medidas de inflação subjacente, situaram-se acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes”, afirmou o Copom (Comitê de Política Monetária) em nota.

Diante do cenário, analistas ouvidos pela BP Money apontaram que a possibilidade dessa tendência de elevação da Selic até o final do ano é muito grande.

“Um fator que está pesando bastante nessa trajetória é a desvalorização do real frente ao dólar”, disse Márcio Saito, CFO da Entrepay.

“Embora tenha sorte uma deflação em agosto, seu impacto foi praticamente nulo no cenário atual. O maior prejuízo, sem dúvida, recai sobre o setor produtivo”, completou Saito.

Selic: ‘fundamentos econômicos não justificam esse aumento’, diz especialista

Mesmo com toda a expectativa para o cenário econômico nacional decorrente da alta da Selic, alguns especialistas não tiveram uma perspectiva otimista sobre o aumento.

“No cenário doméstico, os fundamentos econômicos não justificam esse aumento. Embora a inflação ainda não tenha atingido o centro da meta de 3% ao ano, ela permanece dentro da faixa de flutuação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional”, declarou Felipe Queiroz, economista- chefe da APAS (Associação Paulista de Supermercados).

Segundo o especialista, o cenário doméstico não justifica o aumento. “Embora a inflação ainda não tenha atingido o centro da meta de 3% ao ano, ela permanece dentro da faixa de flutuação definida pelo Conselho Monetário Nacional”, acrescentou.