A Americanas (AMER3) ofereceu dez anos de salário, mensalidade escolar dos filhos, manutenção do plano de saúde e o pagamento dos honorários de advogados aos dois executivos que fizeram delação no caso da fraude contábil da empresa, Flávia Carneiro e Marcelo Nunes. A informação é da Folha de S. Paulo.
O benefício foi mantido em sigilo pela empresa, sem divulgação da ata de reunião do conselho de administração que aprovou o pagamento. O valor da remuneração anual bruta que foi usado como parâmetro para o acordo também não foi revelado.
Pessoas que acompanharam o processo disseram ao veículo, porém, que o salário anual fixo de Nunes antes a rescisão do contrato de trabalho girava em torno de R$ 1 milhão, fora o bônus.
Celso Vilardi, advogado do conselho de administração e também da empresa, disse à Folha que o fato “não foi divulgado porque, nos termos da lei, qualquer colaboração deve permanecer sigilosa até determinação em contrário do Ministério Público Federal e o nome dos possíveis colaboradores não poderia ser revelado, sendo certo que as delações só foram conhecidas por ocasião da operação efetivada pela Polícia Federal”.
Americanas (AMER3): minoritários pedem exclusão do Novo Mercado
O Instituto Empresa, que representa o interesse de acionistas minoritários, protocolou um pedido na bolsa de valores brasileira, a B3, para exclusão da Americanas (AMER3) do segmento Novo mercado. A entidade alega que a companhia descumpriu obrigações que seriam essenciais para sua manutenção no segmento.
O Novo Mercado, que completa 25 anos em 2025, é o segmento de negociação da bolsa brasileira que exige a anuência de altos padrões de governança corporativa, além do mínimo disposto em lei, dos seus membros.
O instituto afirma que a empresa divulgou demonstrações financeiras com atraso e com ressalvas dos auditores independentes, além de não ter publicado o relatório do comitê independente que apurou a fraude na companhia.
Ainda de acordo com a entidade, a Americanas não divulgou o relatório dos auditores independentes sobre controles internos da companhia, e não foram realizada melhorias significativas nos controles internos, itens pedidos pela B3.
Também foi pedida a realização de uma oferta pública de aquisição de ações da Americanas como forma de beneficiar acionistas minoritários que sofreram perdas financeiras desde o início do escândalo contábil da empresa, em janeiro de 2023.