A equipe do BTG Pactual revisou a sua projeção para a Selic (taxa básica de juros) e agora espera que ao final do ciclo de alta a taxa esteja em 12,5%, ante os 12% anteriores.
Claudio Ferraz, economista-chefe para Brasil do banco, e o economista sênior Bruno Martins disseram, em nota, que os dados do RI (Relatório de Inflação divulgados nesta quinta-feira (26) sinalizaram um tom “hawk” e, assim, reforçaram a comunicação adotada pelo Copom (Comitê de Política Monetária) desde a reunião da semana passada.
O BTG projeta três elevações seguidas de 0,5 ponto percentual (p.p.) nas reuniões de novembro, dezembro e janeiro, com um ajuste final de 0,25 p.p. em março.
O RI apresentou uma “substancial revisão” de crescimento da economia brasileira em 2024, segundo os economistas, casada com a avaliação de que o hiato do produto foi para o campo positivo.
Porém, para o segundo trimestre de 2026 aainda preojeta-se um IPCA (índice de Preços ao Consumidor Amplo) elevado de 3,5%.
“Assim, a comunicação de setembro mostra que o Copom reconheceu, no cenário doméstico, que a atividade econômica tem demonstrado mais força que o esperado e, na inflação, vê um processo mais desafiador de convergência para a meta, citando assimetria para cima em seu balanço de riscos”, avaliam os economistas, segundo o “Valor”.
Os diretores do BC (Banco Central) não deram indicações de quais serão as próximas decisões, mas reiteraram o compromisso do Copom com a convergência da inflação à meta, destaca a nota.
“Cenários mais favoráveis para a política monetária” deem se concretizar somente no futuro, com o “apoio de uma política fiscal mais contida”, alertaram Ferraz e Martins.
Haddad: ‘Não dá para antecipar o que o BC fará’, sobre Selic
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (24) que é incerto prever os próximos movimentos do Banco Central em relação à política monetária, destacando que o papel central da autarquia é o controle da inflação.
Ele expressou ainda sua expectativa de que o Brasil consiga retomar uma trajetória de crescimento sustentável, alinhada a uma política monetária mais favorável no futuro.
“Não dá para prever neste momento o que vai acontecer (com os juros no Brasil). As coisas estão voltando ao normal, na minha opinião. As taxas de juros fora (no exterior) tendem a se comportar melhor para fins domésticos, e a economia chinesa reaquecendo também é muito favorável ao Brasil”, disse Haddad a jornalistas, em Nova York.
Comentando as indicações da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, que marcou a retomada do ciclo de alta dos juros no Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que “não é possível antecipar as ações do Banco Central”, pois as decisões do colegiado são baseadas em dados futuros.
Haddad também mencionou que ainda não discutiu o conteúdo do documento do BC com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Vamos retomar uma trajetória positiva e considerável. Sabemos que a economia brasileira está aquecida, crescendo a 3,2%, o Banco Central se preocupa com a inflação, que é a missão que ele tem, natural, mas queremos retomar uma trajetória de crescimento sustentável”, disse.