O setor de mineração apresentou desempenho melhor no terceiro trimestre de 2024, em comparação ao segundo trimestre do ano. O resultado foi em linha com o esperado, na avaliação de especialistas consultados pelo BP Money.
A maior e mais importante empresa do segmento, a Vale (VALE3), ampliou os ganhos frente ao trimestre anterior. De acordo com o economista Emanuel Pessoa, bom desempenho foi impulsionado, principalmente, pela alta na produção de solucões de minério de ferro da companhia – recorde para o segundo semestre desde 2018.
A Gerdau (GGBR4) seguiu na mesma linha, com acúmulo de ganhos no terceiro trimestre. Pessoa explicou que, embora a empresa enfrente forte queda no lucro líquido, em decorrência do aumento de importações do aço chinês, em comparação ao 2TRI24, a Gerdau está se recuperando.
A Usiminas (USIM5), por outro lado, acumulou variação negativa, dando segmento ao desempenho do 2TRI24.
“A desvalorização do real aumenta os custos da Usiminas, por conta da dívida em moeda estrangeira. Assim, ela acaba por sofrer um impacto maior do que a Vale e a Gerdau, por conta do seu perfil de divida”, disse Pessoa.
Ações | Variação no 3TRI24 |
VALE3 | + 4,36% |
GGBR4 | + 4,69% |
USIM5 | -20,61% |
CMIN3 | + 26,14% |
CSNA3 | – 0,39% |
Ações | Variação no 2TRI24 |
GGBR4 | 1,92% |
USIM5 | -18,50 |
VALE3 | 2,64% |
De modo geral, a melhora no desempenho das mineradoras no último trimestre está ligada, sobretudo, às melhores condições no mercado internacionais para as commodities, com a recuperação dos preços do minério de ferro, destacou o assessor de investimentos Bruno Rocio.
“Enquanto o cenário doméstico brasileiro ainda enfrenta desafios, essas empresas [Vale e Gerdau] conseguiram se destacar pela exposição a mercados externos e pela implementação de estratégias focadas em redução de custos e inovação”, afirmou Rocio.
A China e as expectativas para o setor de mineração
O avanço do cenário econômico da China, principalmente no que diz respeito ao setor de infraestrutura, é o fator de maior impacto às mineradoras brasileiras, uma vez que o país asiático é o principal consumidor do minério de ferro.
“Quando a construção tem seu ritmo reduzido na China, diminui-se a demanda por minério de ferro e o país asiático volta sua producao de aço para a exportação, competindo com preço mais baixo”, explicou Pessoa.
Dessa forma, o mercado segue atento aos efeitos do pacote de estímulos econômicos chinês, anunciado na semana passada. Segundo Bruno Rocio, a recuperação da China, provavelmente, já mostrou algum efeito no terceiro trimestre, mas resultados mais claros são esperados a partir do final de 2024 e início de 2025.
“Embora a liberação de crédito e o investimento em infraestrutura possam ser
anunciados rapidamente, a execução desses projetos e a demanda resultante por
commodities (como aço, minério de ferro e cobre) tendem a ocorrer de forma mais
gradual”, explicou o assessor de investimentos.
Portanto, na avaliação dos especialistas, a expectativa para o setor de mineração a curto prazo é positiva, mas moderada.
Além da reação do segmento de construção civil aos estímulos chineses, o mercado deve estar atento ao cenário nos EUA pós-eleição, segundo João Abdouni, analista da Levante Inside Corp.
“A eleição de Donald Trump favoreceria a Gerdau, que tem operações nos EUA. Kamala, por sua vez, seria menos dura com a China, o que seria favravel a Vale”, destacou Abdouni.