Roberto Campos Neto, presidente do BC (Banco Central), afirmou que a inflação no Brasil está “um pouco melhor”, mas destacou que há preocupação.
“Se eu digo que crescimento está acima do potencial, crédito forte e mão de obra apertada, é um trabalho do Banco Central sempre tentar se antecipar um pouco”, disse Campos Neto, em evento promovido pela Crescera Capital, nesta terça-feira (01).
Na última ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o BC mostrou que espera um hiato do produto, uma medida de ociosidade da economia, no campo positivo.
Campos Neto ainda comentou que o mercado também passa uma mensagem de que a inflação será mais alta no futuro.
“Tanto na parte de preços de mercado, quanto na expectativa de analistas, a gente tem inflação desancorada num período relativamente mais longo”, afirmou o presidente da autarquia, de acordo com o “Valor”.
A razão de as condições financeiras não terem se revertido na mesma magnitude das altas de juros criou uma pergunta global, segundo o executivo. Campos Neto acredita haver algo estrutural e que o Brasil tem um efeito cumulativo das reformas feitas no passado.
“A gente tem hoje cada vez mais convicção que o crescimento estrutural no Brasil está um pouco maior, ainda que exista sempre aquele questionamento. É difícil demonstrar isso empiricamente”, prosseguiu Campos Neto.
Quanto ao ciclo de política monetária, ele apontou que o Copom o iniciou de forma gradual e a decidiu não dar uma orientação sobre os próximos passos. O colegiado elevou a taxa básica de juros de 10,50% para 10,75% ao ano na última reunião.
“Nós entendíamos que existe uma incerteza muito grande na frente, existia uma incerteza em relação ao que aconteceu nos Estados Unidos, qual seria a reação do mercado, existia uma incerteza em relação à dinâmica de inflação de curto prazo, ao quanto a mão de obra apertada estava influenciando a inflação de serviços no Brasil”, afirmou o presidente do BC.
Campos Neto: ‘choque fiscal’ positivo é necessário para reduzir juros
O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, afirmou que o Brasil precisará de algum programa que gere a percepção de um choque fiscal positivo se quiser conviver com juros mais baixos.
Campos Neto enfatizou que questionamentos do mercado sobre a trajetória da dívida pública criam dificuldades para o processo de redução de custo dos financiamentos.
Em evento promovido pela Crescera Capital, em São Paulo, Campos Neto disse que optar por juros “artificialmente mais baixos” sem ter uma âncora para as contas públicas equivale a fazer um ajuste via aumento de inflação no médio prazo, voltando a defender harmonia entre as políticas fiscal e monetária.