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Fundos fechados de previdência atingem R$ 1,27 tri em ativos no 1S24

O valor corresponde a um crescimento de apenas 0,5% ante o número total contabilizado por esses fundos no fim de 2023

Investimentos em BDRs / Foto: Reprodução/ B3
Investimentos / Foto: Reprodução/ B3

Os ativos dos Fundos de Previdência, também conhecidos como EFPCs (Entidades Fechadas de Previdência Complementar), atingiram cerca de R$ 1,272 trilhão no primeiro semestre, segundo informações da Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar) divulgadas nesta quarta-feira (09).

O valor corresponde a um crescimento de apenas 0,5% ante o número total contabilizado ao fim de 2023 (R$ 1,266 trilhão). Dessa forma, o total como proporção do PIB (Produto Interno Bruto) recuou de 11,7% no final do ano passado para 11,4% em junho deste ano.

No mesmo período, o fundo como um todo registrou retorno de 2,83%. Entre as divisões de sua composição, a renda fixa, que representa cerca de 81,4% da carteira, levou um retorno de 3,84%. Nesse cenário, um desempenho negativo de 0,59% foi registrado em junho.

Enquanto isso, a renda variável, que representa 10,4% dos ativos, sofreu uma retração de 5,52% no semestre e, somente em junho, teve ganhos de 0,68%, segundo o “Valor”.

A previsão da Abrapp é que haverá 3 cenários de rentabilidade no ano, em percentuais entre 6,73% e 10,85%, mesmo com esse desempenho fraco no primeiro semestre.

Entre janeiro e junho deste ano os CD (Planos de Contribuição Definida) tiveram rentabilidade de 3,38%, seguidos pelos de CV (Contribuição Variável), com 2,86%, e BD (Benefício Definido), com 2,60%.

A Associação também indicou que o sistema finalizou o 1º semestre com mais de 3 milhões de participantes ativos, 4,1 milhões de dependentes e 867 mil assistidos. 

Em paralelo a isso, o número total de planos cresceu de 1.101 em 2014 para 1.175 em 2024, com impulso dos planos de contribuição definida, que subiram de 413 para 525.

Fundos de renda fixa: escalada à base da Selic se sustentará?

Aplicar em fundos de renda fixa é apostar no retorno previsível. Os investidores sentiram esse gosto ainda mais doce, visto que o patrimônio dessa classe de ativos cresceu 20%, chegando à casa dos R$ 3,6 trilhões em julho de 2024. Analistas indicam que esse ciclo só tende a se beneficiar com a perspectiva de juros altos por mais tempo.

Com esse avanço, os fundos de renda fixa encerraram o mês referido com um salto positivo de 15% na comparação anual, com um patrimônio líquido de R$ 9,2 trilhões. 

Nesse quadro, há 3 vigas que sustentam a estrutura, sendo elas: a possibilidade do BC (Banco Central) subir a Selic (taxa básica de juro), o mercado de ações mais volátil, combinação que gera, como consequência, a busca por ativos mais seguros, dado o ambiente de incertezas econômicas.

Os investidores têm visto nos títulos públicos, por exemplo, a oportunidade de obter retornos atrativos com menor risco, comentou Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos.

Exatamente por isso, os fundos de renda fixa de curta duração e grau de investimento foram o grande destaque do período. Essa categoria investe, no mínimo, 80% de seus recursos em títulos públicos e ativos de baixo risco de crédito, seu patrimônio líquido cresceu 23,2%  entre julho de 2023 e julho de 2024, chegando a R$ 707,2 bilhões. 

“Com a Selic elevada, os rendimentos desses títulos tornam-se extremamente atrativos para investidores que buscam preservar o capital e obter retornos acima da inflação, sem se expor à volatilidade de ativos mais arriscados. Outro ponto, é que a previsibilidade dos fluxos de caixa e a liquidez desses ativos são fatores que muitas vezes reforçam sua atratividade’, disse Lima.

Outro ponto de impulso, conforme reforçado pelo CEO da SulAmérica Investimentos, Marcelo Mello, foi a maior acessibilidade aos fundos de renda fixa, devido a forte penetração das plataformas de investimentos, com ofertas diversificadas de produtos. 

“Além disso, a grade de produtos dessas classes mudou: hoje o investidor tem muitas opções na hora de investir, seja fundos com maior liquidez com os D+1 ou os mais sofisticados, com liquidez em D+45 por exemplo”, afirmou o CEO.