A presidente do BCE (Banco Central Europeu), Christine Lagarde, declarou nesta quinta-feira (17) que ainda tem expectativa de um ‘pouso suave’ para a economia da zona do euro e que não vê a região caminhando para uma recessão.
Para a dirigente, o consumo das famílias está subindo gradualmente e deve aumentar mais à medida que os juros forem caindo.
“A taxa de poupança ficou em 15,7% no segundo trimestre, bem acima da média de 12,9% de antes da pandemia”, disse Lagarde.
Apesar de estar no início do ciclo de flexibilização, as condições financeiras seguem restritivas na zona do euro, de acordo com ela.
“Mas os juros para as empresas caíram desde o corte de setembro e a demanda por empréstimos para as companhias subiu pela primeira vez em dois anos”, afirmou a dirigente do BCE, segundo o “Valor”.
A executiva também lembrou que os riscos para a inflação estão mais direcionados para baixo do que para cima. No entanto, a geopolítica ainda apresenta alguns riscos que podem elevar a inflação com o aumento de preços do petróleo e do frete, o que pode afetar o crescimento econômico da região.
“Qualquer obstáculo para o comércio vai impactar a economia da zona do euro, que é bastante aberta ao exterior”, comentou Lagarde sobre uma potencial vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA. Uma das promessas do candidato republicano é colocar tarifas elevadas a todas as importações dos EUA.
BCE corta juros em 0,25 p.p, em linha com o esperado
O BCE (Banco Central Europeu) anunciou, nesta quinta-feira (17), um novo corte de 0,25 ponto percentual nas principais taxas de juros da região, em linha com as expectativas do mercado. A taxa sobre os depósitos ficou em 3,25%. É o terceiro corte nas taxas de juros este ano.
A taxa de juro das principais operações de refinanciamento ou taxa “refi” (que determina o preço que os bancos pagam quando pedem dinheiro emprestado ao Banco Central Europeu também teve um corte de 25 pontos base, situando-se em 3,40%.
A diferença entre as duas taxas estava fixada em 50 pontos-base há anos e o BCE anunciou planos em março para reduzir a diferença para 15 pontos-base a partir de setembro, em um movimento que pode reacender os empréstimos entre bancos.
A taxa de empréstimos também foi reduzida em 25 pontos base, de 3,90% para 3,65%.
Mais sobre o corte de juros
Através de comunicado, o BCE comentou que o processo de desinflação na região está no bom caminho e que as perspectivas de inflação também são afetadas por recentes surpresas negativas nos indicadores de atividade econômica. “Enquanto isso, as condições de financiamento permanecem restritivas”, ressalta o banco.
“Espera-se que a inflação suba nos próximos meses, antes de cair para a meta [de 2%] no decorrer do próximo ano. A inflação doméstica continua alta, pois os salários ainda estão subindo em ritmo elevado. Ao mesmo tempo, as pressões sobre os custos da mão de obra deverão continuar a diminuir gradualmente, com os lucros a amortecerem parcialmente o seu impacto sobre a inflação”, diz o texto.
O Conselho do BCE disse ainda que manterá as taxas de política monetária suficientemente restritivas durante o tempo necessário para atingir seu objetivo de levar a inflação à meta e que continuará a seguir uma abordagem baseada em dados e de reunião a reunião para determinar o nível e a duração apropriados dess restrição.