Roberto Campos Neto, presidente do BC (Banco Central), afirmou nesta quarta-feira (23) que, “quando você olha a inflação desancorando e o prêmio de risco onde está hoje é um sinal que nos preocupa muito”.
“Estamos olhando para todas as variáveis, queremos ser o mais transparentes possível”, disse Campos Neto durante participação em um evento do UBS BB, em Washington.
Além disso, o executivo do BC também comentou, um pouco antes, que os ciclos (de política monetária) são diferentes. “Obviamente baixar os juros é mais fácil do que elevar juros, todo banco central sabe disso”, frisou ele, segundo o “Valor”.
“A mensagem é que vamos trabalhar para atingir a meta”, acrescentou Campos Neto. Na avaliação do presidente do BC, a economia e o mercado surpreenderam. “Reconhecemos que o hiato mudou e nossas projeções mudaram”, completou.
Na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) ocorrida no mês de maio, os membros do colegiado se dividiram quanto a decisão de cortar a Selic (taxa básica de juros), Campos Neto afirmou que não houve opinião política, apenas visões técnicas diferentes entre a antiga composição (indicada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro) e a atual (indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva).
“Daquele ponto em diante (da reunião da divisão), precisaríamos nos juntar e ter consenso ao menos no curto prazo para poder explicar”, comentou o atual dirigente do BC.
“Vai haver dissensos no futuro e não tem a ver com opinião política, as pessoas terão visões técnicas diferentes”, complementou.
Campos Neto: ‘BC é sério sobre objetivo de atingir meta de inflação’
O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, ressaltou, em entrevista concedida nesta terça-feira (22), que é importante comunicar que a autoridade monetária é séria sobre o objetivo de atingir a meta de inflação.
“É importante comunicar para as pessoas que somos sérios sobre atingir a meta porque o Brasil tem uma memória grande de inflação”, disse Campos Neto ao canal de TV americano CNBC em Washington. A meta de inflação atual é de 3% ao ano.
Quanto aos ciclos da política monetária nos EUA e no Brasil, o chefe do BC afirmou que acredita serem ciclos diferentes. O Brasil, segundo ele, foi o primeiro país a começar a subir juros e o primeiro a começar a cortar os juros.
Nas reuniões de ambos os Bancos Centrais em setembro, o Fed (Federal Reserve) cortou os juros em 0,5 ponto percentual, para o intervalo entre 4,75% e 5%. Ao passo que o BC brasileiro elevou a Selic (taxa básica de juros), que saiu de 10,50% para 10,75% ao ano.
“No caso do Brasil, o que vimos é que a economia estava bem resiliente, o mercado de trabalho muito apertado, começamos a ver hiato do produto do lado positivo e também as expectativas de inflação e as projeções começaram a desancorar, então achamos que era apropriado neste momento começar a endereçar esse tema”, disse, segundo o “Valor”.