As diferenças entre os processos eleitorais no Brasil e EUA levam muitos brasileiros a não compreenderem, de fato, como o presidente do país norte-americano é escolhido.
Por lá, cada estado tem autonomia para decidir o seu sistema de votação, o que implica no método tradicional de votos em cédulas de papel em algumas regiões e na presença de urnas eletrônicas em outras. Há estados, inclusive, em que a maior parte dos votos acontece por meio do correio.
Além disso, a realização de prévia e a conquista dos delegados por estado torna as eleições dos EUA mais complexa. Este ano, devido à disputa acirrada, o processo de apuração dos votos pode demorar alguns dias e, até que termine e o resultado seja certificado, nada é oficial, afirmou a Comissão de Assistência Eleitoral do país.
Na noite do dia 5 de novembro, data em que se concretiza a disputa entre Kamala Harris e Donald Trump, empresas de comunicação como CNN e The New York Times divulgarão projeções do vencedor.
O resultado oficial, porém, não acontece nesta mesma noite, já que, após os votos da população, o Colégio Eleitoral, formado por um conjunto de delegados, deve escolher o próximo presidente.
Ao todo, o país tem 354 delegados, sendo que cada estado tem uma quantidade proporcional à populaçao. Após a votação do dia 5 de novembro, cada estado faz sua própria contagem de votos e o candidato que receber a maioria leva todos os delegados daquele estado (exceto no Maine e Nebraska).
A maioria das regiões adota este modelo, conhecido como “winner-takes-all” (“o vendedor leva tudo”), em que o candidato que ganha a maioria dos votos populares em um estado recebe todos os votos eleitorais daquele estado.
Em seguida, a legislação dos EUA determina que os delegados devem se reunir, na capital de cada estado, na primeira terça-feira após a segunda quarta de dezembro, para votar no presidente seguindo o resultado estadual. Este ano, essa data cai no dia 17 de dezembro. Após isso, os votos são selados e enviados ao Senado.
Segundo a Comissão de Assistência Eleitoral, no dia 6 de janeiro de 2025, o Congresso dos EUA se reúne e o presidente do Senado realiza a contagem dos votos com os Deputados e Senadores como testemunhas. Ao fim, é oficializado quem será o novo presidente dos EUA.
Para vencer as eleições dos EUA, um candidato precisa obter a maioria absoluta dos votos do Colégio Eleitoral, ou seja, pelo menos 270 votos. Se nenhum candidato alcançar essa maioria, a eleição é decidida pela Câmara dos Representantes, com cada estado tendo um voto.
Quem são os delegados nas eleições dos EUA e como são escolhidos
Os delegados compõem o Colégio Eleitoral e são pessoas escolhidas para representar um partido político em convenções nacionais, onde são selecionados os candidatos à presidência. Cada partido tem suas próprias regras para a escolha de delegados.
Os delegados são, normalmente, figuras engajadas politicamente e filiadas a algum partido, mas isso não é obrigatório.
A maioria dos delegados é obrigada a estar “vinculada” (o termo republicano) ou “comprometida” (o termo democrata) a um determinado candidato que se dirige à convenção.
Mas uma parcela muito pequena de delegados em certos estados e territórios do lado republicano está “desvinculada”. Esses poucos delegados podem apoiar quem quiserem quando chegarem à convenção.
Por que Hillary perdeu a eleição mesmo recebendo mais votos que Trump, em 2020?
A candidata à presidência dos EUA pelo partido Democrata em 2020, Hillary Clinton, perdeu a eleição para Donald Trump mesmo com 337.636 votos a mais. Isso aconteceu devido ao peso dos votos dos delegados.
Embora tenha recebido mais votos populares, Clinton só venceu em 20 Estados e na capital federal, o que representa 228 votos correspondentes no Colégio Eleitoral.
Trump, por sua vez, venceu em 29 Estados e somou 290 votos no Colégio Eleitoral: 20 a mais que os 270 necessários para se eleger presidente.
O mesmo aconteceu nos anos 2000, quando o democrata Al Gore perdeu para o republicano George W. Bush, apesar de ter uma vantagem de mais de 500 mil votos.