O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles disse que a questão fiscal do país deve chegar a um limite e pode gerar problemas, como no passado. A afirmação foi feita em entrevista ao programa Stock Pickers, publicada nesta sexta-feira (25) no Youtube.
“A questão fiscal em algum momento vai chegar a um limite. E, se passar a haver problemas mais sérios, ela vai ter que ser endereçada, como foi no passado”, comentou o Meirelles.
O ex-ministro também não vislumbra que o Brasil alcance investment grade (grau de investimento) pelas agências de classificação de risco mais respeitadas do mundo, justamente por problemas com a questão fiscal.
“Há uma perspectiva difícil à frente, se for de fato mantido esse ritmo de expansão fiscal”, comentou.
E esta é uma situação complicada de reverter, uma vez que Lula foi eleito a partir de uma campanha com ênfase no aumento de gastos públicos, avaliou Henrique Meirelles.
“Ele deixou claro isso naquela época (das eleições), que ia ter um governo realmente baseado na expansão fiscal, o ministro da economia (Fernando Haddad) conversa com ele para tentar limitar isso, mas de fato, na linha que está, vamos chegar a um nível total de dívida pública de cerca 82% do pib, que é um nível muito alto para países emergentes“, comentou.
“Eu não vejo nenhuma mudança substancial na direção fiscal”, destacou.
Ao mesmo tempo, Meirelles avalia que as reformas estruturais que foram feitas no Brasil a partir de 2016 e o aumento dos gastos públicos (principalmente no combate ao desemprego) estão fazendo o país crescer “um pouco mais, como aconteceu em 2023, quando houve inclusive uma melhora no rating do Brasil”.
Boa relação de Galípolo com Lula é positiva, avalia Meirelles
Durante o programa, Meirelles também falou sobre o futuro presidente do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, que vai assumir o cargo a partir do ano que vem. Para o ex-ministro, a boa relação de Galípolo com Lula é positiva.
“Se ele conseguir fazer a política certa e ao mesmo tempo enfrentar as consequências disso, tem condições para dar certo, mas acho que influencia muito a confiança do presidente de que o que BC está fazendo não é para prejudicar ele”, afirmou.
Para ele, isso será fundamental que o Brasil consiga lidar com a inflação, que “está um pouco alta e não está caindo”.