Corte de gastos

Haddad cancela ida à Europa em meio à pressão por pacote fiscal

Ideia era divulgar o pacote logo após as eleições, mas Haddad frustou o mercado ao dizer que não tinha data prevista para o pacote fiscal

Fernando Haddad
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cancelou a viagem que faria à Europa na segunda-feira (4), a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A mudança na agenda acontece em meio à pressão para o anúncio do pacote fiscal prometido pela equipe econômico.

A ideia era divulgar o pacote logo após o segundo turno das eleições, mas Haddad frustou o mercado ao dizer que não tinha data prevista para o corte de gastos. O ministro garantiu, porém, que já havia entendimento entre a Fazenda e a Casa Civil sobre as medidas de corte de despesa.

Nesta semana, o ministro disse ainda que as medidas precisarão ser aprovadas por meio de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição), mas não deu detalhes sobre as medidas nem especificou quando serão anunciadas.

A notícia veiculada na manhã da última terça-feira (29) foi que Haddad aguardava o aval do presidente Lula para realizar um corte entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões nas despesas do governo federal.

Governo quer evitar impacto do pacote fiscal na popularidade de Lula, diz XP

O aguardado novo pacote de corte de gastos deve sair em breve, com os Ministérios da Fazenda e Planejamento trabalhando com senso de urgência na revisão de gastos, segundo o analista político da XP, Paulo Gama. Mas há a preocupação de um impacto negativo na popularidade do governo do presidente Lula

“Os ministérios da Fazenda e do Planejamento têm trabalhado com senso de urgência para apresentar todas essas medidas de revisão de gastos. Mas o tempo da política é diferente do tempo do mercado”, afirmou o analista no Morning Call da XP.

A equipe econômica está trabalhando especificamente em um escape para os efeitos do novo pacote fiscal sob o governo Lula “em termos de popularidade e comunicação com a população”, disse Gama.

“O que a gente vê é o time econômico preparando e levantando uma série de possibilidades para atacar o crescimento de algumas despesas obrigatórias, mas precisando ainda do crivo político, mais especificamente do presidente Lula”, ressaltou. 

A tentativa do governo é enquadrar as despesas dentro do arcabouço fiscal, para limitar o crescimento delas como um todo, explicou o analista da XP, segundo o “InfoMoney”.

“Algumas despesas obrigatórias correm numa velocidade maior do que deveria. E é isso que o governo tenta atacar, reduzir a taxa de crescimento dessas despesas, pelo menos enquadrar a taxa de crescimento dentro desse limite máximo para que as despesas discricionárias não se achatem ao longo do tempo”, relatou.