Exportação de commodities

Trump eleito pode ser bom para o agro, dizem analistas

No entanto, o Brasil pode ser prejudicado se as políticas do presidente eleito mudarem em relação a seu primeiro mandato

Donald Trump/ Foto: Divulgação
Donald Trump/ Foto: Divulgação

O agronegócio deve ser um dos setores brasileiros mais beneficiados pela vitória de Trump, avalia Raony Rossetti, CEO da Melver, plataforma de educação sobre o mercado financeiro.

Para ele, o Brasil pode sair ganhando porque as tensões entre EUA e China tendem a aumentar, o que deve fazer com que o país asiático busque alternativas ao país norte-americano para suprir sua demanda por commodities agrícolas, entre elas o Brasil.

“Esse deslocamento de demanda favorece diretamente o agronegócio brasileiro, que encontra na China um dos principais mercados consumidores para suas exportações”, comentou o CEO da Melver. Assim, o Brasil deve experimentar um crescimento das receitas de exportação e valorização de empresas ligadas ao setor agrícola.

Declarações de Trump na campanha apontam para outro caminho

Já para o economista Antônio da Luz, CEO da consultoria Agromoney, o agronegócio brasileiro pode ser beneficiado pela eleição de Trump, mas ainda é preciso observar se as políticas do presidente eleito vão mudar em relação ao seu primeiro mandato.

Se as políticas da gestão anterior forem mantidas, existe uma tendência de que Trump aplique sanções não só à China, como também a outros países, que podem migrar para o Brasil para atender suas demandas de commodities agrícolas.

“No momento em que o Trump criou uma série de embaraços (em seu primeiro mandato), ele abriu espaço para o Brasil e a gente exportou grãos para a China. Outro exemplo foi o México, que sofreu sanções e começou a procurar alternativas, uma delas foi importar mais arroz do Brasil”, comenta o economista.

No entanto, Da Luz ressalta que as declarações de Trump durante a campanha destas eleições apontam para um outro caminho, de maior abertura a negociações.

“O Trump da campanha tem dito que vai fazer retaliações, mas está um pouco diferente da outra vez, está focado em trazer barreiras com o objetivo de fazer negociações e conseguir melhores acordos“, aponta o economista.

Nessas circunstâncias, Da Luz prevê que o Brasil pode encontrar dificuldades, uma vez que o país não tem sido bom em fazer acordos internacionais por uma série de motivos, entre eles estar alinhado a governos distantes dos Estados Unidos e ter negociações limitadas por políticas do Mercosul.