A temporada de balanços do 3º trimestre de 2024 para as empresas brasileiras cotadas na B3 chegará ao fim nesta semana. Duas das companhias que se destacam nesse meio são a JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3), sobre as quais as expectativas se dividem entre números sólidos e robustos, ou resultados pressionados.
Ambas as empresas devem divulgar seus balanços do trimestre passado após o fechamento da Bolsa de Valores na quarta-feira (13). Na avaliação de Mariana Conegero, especialista em mercado de capitais e sócia da The Hill Capital, os resultados devem ser mistos.
A especialista vê pressões com os custos e variação nas margens tanto da JBS quanto da Marfrig. Segundo ela, há consenso de que o Ebitda – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização – deve sofrer pressão pelo aumento dos custos de insumos, com as receitas mostrando avanço devido à demanda externa.
“Para JBS, espera-se que os resultados sejam apoiados por uma recuperação na demanda nos EUA e China. Já para Marfrig, o foco será em uma recuperação de margens na América do Norte, onde a empresa é forte no segmento de carne bovina”, disse Conegero.
Enquanto isso, o coordenador do mestrado profissional em controladoria e finanças da faculdade FIPECAFI (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), George Sales, citou desempenho robusto para a JBS e solidez na Marfrig.
Baseado na “forte performance” da unidade de aves e ambiente de mercado favorável, a JBS deve reportar um Ebitda acima de R$ 10 bilhões. Já para a Marfrig, são esperados números que superam os concorrentes, com a margem de Ebitda da National Beef – subsidiária nos EUA – recuando 0,4 ponto percentual na comparação trimestral, alcançando 2,5%.
Momento das commodities promete afetar margens operacionais da JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3)
Na condição de exportadoras do setor frigorífico, as atividades e negócios dessas companhias também dependem do comportamento das commodities, que são sempre muito voláteis.
“Quando os custos de insumos, especialmente aqueles essenciais para a alimentação animal, como grãos (milho e soja), aumentam, o custo de produção das proteínas também sobe. Esse aumento pode ser difícil de repassar totalmente ao consumidor final, principalmente em períodos de menor demanda ou de concorrência acirrada, pressionando os resultados operacionais”, explicou Sales.
O Ebitda é onde essas pressões devem se mostrar mais, pela própria definição do indicador, que revela a lucratividade operacional não considerando depreciação e amortização, sendo mais sensível a custos diretos, segundo Conegero.
No entanto, a especialista ressaltou que a demanda por exportação de proteínas está estável, com previsões de crescimento moderado, sobretudo na Ásia e no Oriente Médio.
“Contudo, o mercado está atento a possíveis mudanças de políticas sanitárias e a volatilidades cambiais, especialmente em relação ao dólar. A valorização do real, por exemplo, pode reduzir a competitividade das exportações, impactando a receita em moeda local e afetando JBS e Marfrig”, disse Conegero.
Além das variações cambiais e custos de insumos, Sales reforçou que os resultados da JBS podem ser influenciados também pela diversificação da empresa, que tem atua em múltiplas regiões e com diversos produtos, o que pode mitigar os riscos com flutuações de mercado.
Além disso, o ciclo pecuário dos EUA também é algo a se destacar, pois “a disponibilidade de gado nos Estados Unidos afeta diretamente os custos de produção e as margens operacionais da empresa”, esclareceu o especialista.
Em paralelo a isso, para a Marfrig o endividamento elevado é um ponto relevante, bem como esse ciclo pecuário afeta os números de modo semelhante. Porém, a empresa tem uma situação diferente, visto que depende mais do mercado norte-americano.
“A Marfrig possui significativa exposição ao mercado dos EUA, especialmente através da National Beef. Desempenhos econômicos e mudanças regulatórias nesse mercado podem afetar os resultados da empresa”, disse Sales.