A China pode alcançar um novo recorde no superávit comercial este ano, o que põe o país em rota de colisão com algumas das maiores economias do mundo, pois piora o desequilíbrio existente no comércio global que pode provocar o presidente eleito Donald Trump.
Se a ampliação seguir no ritmo observado até o momento, a diferença entre as exportações e importações chinesas deve chegar a quase US$ 1 trilhão se, de acordo com cálculos da “Bloomberg”.
No acumulado dos primeiros 10 meses do ano, o superávit comercial de bens disparou para US$ 785 bilhões, segundo dados divulgados na semana passada pela China.
Esse foi o maior número registrado para o período, correspondendo a um aumento de quase 16% em relação a 2023.
“Com os preços das exportações chinesas ainda em queda, o crescimento do volume das exportações foi enorme,” disse Brad Setser, pesquisador sênior do Council on Foreign Relations, em uma postagem no X.
“A história geral é de uma economia que está novamente crescendo com base nas exportações”, prosseguiu, segundo o veículo de notícias.
A aposta da China é que as exportações compensem a fraqueza da demanda interna. Essa fraqueza exigiu de Pequim uma tentativa de correção apenas recentemente, com a injeção de estímulos na economia.
China inicia suporte fiscal de US$ 1,4 tri para os governos locais
A nova rodada de apoio fiscal da China teve início nesta sexta-feira (8), com um pacote que alivia as tensões de pagamento de dívidas para os governos locais. Além disso, Lan Foan, o ministro das Finanças, aproveitou a ocasião para sinalizar mais estímulos.
Com a demanda mais fraca, a China tem enfrentado fortes pressões deflacionárias, junto de uma crise no setor imobiliário e mais apertos no lado financeiro sobre os governos locais. Esse cenário tem prejudicado a economia do país no decorrer do ano.
Assim, após a vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos EUA na quarta-feira (6) as perspectivas sobre a 2ª maior economia mundial se obscurecem ainda mais, pois o presidente eleito já ameaçou impor tarifas superiores a 60% sobre todos os produtos chineses.
Para reduzir a dívida fora do balanço, ou dívidas “ocultas”, como descreveram as autoridades após uma reunião parlamentar nesta sexta-feira (8), a China permitirá que os governos locais aloquem 10 trilhões de iuanes (US$ 1,40 trilhão).
Porém, a reunião que durou uma semana, terminou sem o que os investidores esperavam: a divulgação de medidas para impulsionar a demanda lenta do consumidor.
Nos termos do novo pacote, a cota de dívida dos governos locais terá aumento de 6 trilhões de iuanes. Além disso, outros 4 trilhões de iuanes, que já foram aprovados para financiar as trocas de dívidas, poderão ser usados em emissões para diminuir os riscos financeiros sistêmicos, segundo a “CNN Brasil”.