Milhões em subsídios

De Felipe Neto a Ifood: entenda polêmica sobre recursos da Lei Perse

A Fazenda divulgou os valores de subsídios recebido por empresas via Perse - criado para oferecer alivio financeiro durante a pandemia

Felipe Neto e Janja
Foto: reprodução/X

Nos últimos dias, nomes de grandes influenciadores e empresas foram associados a uma polêmica envolvendo a destinação de recursos do Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos), criado para oferecer um alívio econômico a empresas afetadas pela pandemia de covid-19.

Foi o Ministério da Fazenda o responsável pela divulgação dos valores de subsídios recebido por setores e determinadas companhias. A empresa Play9, do influenciador Felipe Neto, está na lista, e teria recebido R$ 14 milhões em benefícios fiscais.

Já Virginia Influencer Ltda, de Virgínia Fonseca, recebeu R$ 4,5 milhões. A empresa SG11, da cantora Luiza Sonza, por sua vez, teria recebido R$ 560 mil em benefícios fiscais do governo via Perse.

O Ifood declarou ter usufruido de R$ 336,11 milhões do programa entre janeiro e agosto deste ano, ocupando, assim, o primeiro lugar da lista.

Na última quarta-feira (13), o BP Money publicou uma matéria em que empresários dos setores de turismo e entretenimento expressaram preocupação em torno do favorecimento da empresa do ramo de entrega de refeições.

A jornalistas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que os dados foram divulgados a fim de conter iniciativas que visam aumentar subsídios para determinados setores.

“Demos a público, pela primeira vez na história, os incentivos fiscais dados a cada empresa individualmente e aos setores de forma agregada. Vocês vão ver que aquela medida do ano passado que foi muito questionada sobre desoneração da folha e sobre o Perse, a Receita Federal tinha razão. Nós dizíamos que se a medida 1202 for aprovada, vamos terminar 2024 com o equilíbrio fiscal”, afirmou Haddad.

A medida a qual o líder da Fazenda se refere diz respeito ao MP 1202, sobre a revisão, entre outros gastos tributários, do Perse. Na ocasião, Haddad foi categórico em dizer que a medida visa repor parte das receitas que não vão se realizar por conta das mudanças feitas pelo Congresso no pacote arrecadatório enviado junto com o Orçamento.

“Estamos procurando manter o orçamento equilibrado. Não há previsão de receita adicional”, afirmou Haddad.

Veja vídeo:

Empresários criticam vantagens do Perse a iFood e alertam para risco de desvio de crédito

Empresários dos setores de turismo e entretenimento têm expressado preocupação em torno do favorecimento do iFood sobre o Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos), ao ocupar o primeiro lugar na lista dos beneficiários do projeto criado para apoiar restaurantes e o setor de eventos durante a crise da covid-19.

A companhia declarou que usufruiu de R$ 336,11 milhões do programa entre janeiro e agosto deste ano. O descontentamento por parte dos empresários se embasa no fato de que o iFood foi um dos negócios que mais se beneficiaram durante a pandemia.

“Nossa empresa ficou parada durante três anos realizando algumas lives. Entramos no programa do Governo e mantivemos os funcionários, queimando caixa, usando dinheiro dos sócios e pedindo a bancos, por isso não é justo que, quem estava a todo vapor durante e no pós-pandemia, esteja queimando o benefício de quem mais sofreu, como restaurantes, bares, artistas e empresas de iluminação”, criticou Junior Luzbel, sócio da Luzbel Tecnologia em Eventos.

De acordo com o próprio relatório do iFood divulgado em 2020, houve um aumento de pedidos no app nos meses de março a agosto de 2020, bem como as informações sobre os clientes recordistas em pedidos nesse período.

Anos depois, o cenário seguiu satisfatório. Em 2022 outro dado divulgado pela rede de entrega de refeições mostra que o ecossistema da companhia gerou um valor bruto de produção de R$ 97 bilhões, considerando tanto os impactos diretos quanto indiretos, o que corresponde a 0,53% do PIB brasileiro. O estudo foi  encomendado pela empresa à Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), especializada na análise de fenômenos econômicos e sociais e na elaboração de indicadores do país. 

“Todo ano o Governo e o Congresso tentam acabar com o Perse justamente por isso, pois as empresas que não foram tão prejudicadas, como foram as desse segmento, queimam esse benefício”, completou o executivo, insatisfeito com a negligência do programa.