O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), afirmou que o boicote do Carrefour às carnes do Mercosul representa um “protecionismo desproporcional”. Ele falou sobre o assunto em entrevista à “GloboNews” nesta segunda-feira (25).
Ele também reforçou que apoia a decisão dos frigoríficos brasileiros de cessar a venda de produtos para o Carrefour e outras empresas do grupo (como o Atacadão), em retaliação.
“Se, para o povo francês, o Carrefour não serve comprar carne brasileira, que o Carrefour também não compre carne brasileira para colocar nas suas gôndolas aqui no Brasil. É uma questão de soberania nacional”, disse.
O Carrefour anunciou que ia parar de comprar carnes do Mercosul na quarta-feira (20). A decisão do grupo foi tomada em solidariedade ao agronegócio francês, que é contrário ao acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.
“O Brasil tem uma agricultura de larga escala, de volume, segurança de fornecimento. A reação é desproporcional. Tanto que todos os outros países da comunidade europeia já compreenderam a situação e são favoráveis ao acordo”, afirmou Fávaro.
O ministro também reforçou o destaque do Brasil em sanidade animal, rebatendo críticas. “Não dá nem para comparar com a qualidade francesa”, disse.
Carrefour: Lira diz que boicote é “protecionismo exagerado”
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que há um “protecionismo exagerado” na decisão do Carrefour de parar de comprar carnes do Mercosul. A decisão do grupo foi anunciada na quarta-feira (20).
O parlamentar abordou o assunto na abertura de um evento promovido da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), em São Paulo (SP). Ele também ressaltou que o Congresso Nacional pode analisar, ainda nesta semana, um projeto para isonomia comercial entre países.
De acordo com ele, os brasileiros precisam dar uma “resposta clara” ao protecionismo europeu. “Nos incomoda muito o protecionismo europeu, principalmente da França com o Brasil. E deverá ter nesta semana, por parte do Congresso Nacional, em sua pauta, a lei da reciprocidade econômica entre os países”, disse o presidente da Câmara.
Como resposta ao boicote do Carrefour, companhias do setor frigorífico brasileiro interromperam as vendas para as empresas do grupo.
“Não é possível que o CEO de um grupo importante como o Carrefour não se retrate de uma declaração de praticamente não importar as proteínas animais advindas e oriundas da América da Sul”, disse Lira.