Avaliação de especialistas

Google (GOGL34): possível venda do Chrome pode reconfigurar setor

"Empresas brasileiras do setor de tecnologia podem ser impactadas por essa venda”, disse especialista

Google/ Foto:  Shutterstock
Google/ Foto: Shutterstock

Recentemente, o Departamento de Justiça dos EUA solicitar que a Alphabet (GOGL34) — dona do Google — venda o navegador Chrome como parte de uma correção judicial para sua monopolização do mercado de busca online. O pedido trouxe questionamentos sobre os possíveis impactos da operação no setor.

“Por se tratar de uma coisa tão séria, eu acho que [a venda] pode não acontecer”, comentou Bruna Alleman, head da mesa internacional da Nomos. Na perspectiva da especialista, esse movimento pode gerar uma incerteza global, desequilibrando o “sistema da Bolsa de Valores”.

Alleman acrescentou que as repercussões em torno do tema podem ser voláteis e reconfigurar todos os concorrentes. “A Microsoft, por exemplo, que tem o Edge, e o Mozilla, que tem o Firefox, podem ganhar participação de mercado”, comentou analista.

Contudo, Alleman pontuou que essas empresas também podem enfrentar questionamentos “semelhantes aos que o Google já teve”.

“Para o investidor, isso pode redesenhar a forma como ele vê as empresas de tecnologia, que mais renderam nos últimos anos, e como ele vai se posicionar perante a Bolsa de Valores americana”, disse Alleman.

Em relação às empresas, é possível que organizações de menor porte comecem a receber mais atenção. Com isso, Gianluca Di Matina, especialista em investimentos da Hike Capital, apontou que uma possível venda poderia desencadear uma “reconfiguração no setor de tecnologia”.

“Empresas concorrentes poderiam buscar aumentar sua participação de mercado, enquanto investidores reavaliariam suas posições nesse segmento, considerando os riscos regulatórios”, acrescentou Matina.

Operação pode reduzir integração e sinergia da empresa

Uma possível venda do Chrome poderia reduzir a integração vertical que a empresa mantém em toda a sua plataforma. A afirmação é da head internacional da Nomos, Bruna Alleman.

Essa redução, na avaliação da especialista, poderia afetar a capacidade de coleta de dados do Google. “São dados muito valiosos”, disse a especialista, acrescentando que o foco das empresas de tecnologia desse segmento não é apenas a tecnologia, “mas os dados que ela coleta”.

Especialistas apontam que esse processo reduziria a receita da companhia com publicidade direcionada, onde as empresas realizam muitos investimentos. Atualmente, essas receitas respondem por uma parte substancial dos lucros do Google.

Além disso, se desfazer do Chrome pode gerar a perda de sinergia com outros produtos da empresa.

Google: venda do Chrome impacta a Bolsa brasileira?

Na avaliação dos especialistas ouvidos pelo BP Money, a conclusão da venda do Chrome pode ter pouco impacto na Bolsa brasileira. Contudo, pode haver uma queda nas ações do setor de tecnologia imediatamente após o anúncio, devido à sensibilidade do mercado.

Além disso, pode ser observada uma possível saída de capital da Bolsa dos EUA, migrando para países emergentes, dependendo do contexto econômico em que se encontram.

Por outro lado, Gianluca Di Matina, especialista em investimentos da Hike Capital, alerta que investidores brasileiros com exposição a fundos internacionais ou ativos correlacionados podem sentir os efeitos de uma queda nas ações da Alphabet. “Empresas brasileiras do setor de tecnologia podem ser impactadas por essa venda”, disse.